A
transexualidade é não-identificação com o gênero de
nascimento.Transformação pode acontecer na infância, juventude e
até na vida adulta.
No estado do Maine, nos EUA, conhecemos a família do menino Jay, de quatro anos. Foram meses de conversas por email e telefone até a entrevista. Jay nasceu Jamima e desde os dois anos começou a dizer aos pais “eu sou um menino”. A mãe do menino, Clara, conversou com ele sobre o assunto da entrevista. Ele disse que não queria conversar sobre isso. Para o garoto, este é um tema difícil.
Christopher Baker, pai do garoto, nos mostra fotos de Jay aos dois anos, vestido de pirata e com roupas de menina. Depois conta que a mudança foi muito mais fácil para seus outros três filhos do que para eles.
“Antes que pudesse formular frases completas, ele já dizia ‘eu menino’. Nós ríamos e ficávamos surpresos, só que isso mudou quando Jay não parou de chorar por três dias seguidos. Ele chorava porque queria ter um pênis e porque queria ser visto como um menino e mesmo assim eu resistia”, conta Clara Baker.
A mãe de Jay conta que queria profundamente que ele fosse uma menina e que precisou se esforçar para entender o que estava acontecendo. “Vimos como ele se transformou em uma criança muito mais feliz e isso é o que importa”, diz.
Luciano Palhano é coordenador do Instituto Brasileiro de Transmasculinidade. Ele nos leva a uma reunião no CRT/DST-AIDS, que tem o maior serviço de atendimento ambulatorial para transexuais no Brasil. As rodas de conversa são muito importantes para começar a entender o vocabulário que ainda é pouco conhecido para boa parte da sociedade, como os termos cisgênero e transgênero.
Cisgênero e quando a pessoa nasce homem ou mulher e assim se identifica. Transgênero é quando a pessoa nasce homem ou mulher, mas se identifica com o sexo oposto.
“O CRT, em 2009, nós tínhamos uma demanda de 400 ou 500 pessoas na fila. Hoje nós temos uma demanda de mais de 3.200 pessoas”, explica Maria Lúcia Macedo, psicóloga. Em média, a espera da cirurgia de redesignação sexual pelo SUS é de 10 anos. Por ano, são realizadas em São Paulo apenas 12 cirurgias. A maioria acaba fazendo a transição de maneira clandestina.
“Todo o meu tratamento foi clandestino. Desde a hormonioterapia, a cirurgia, nunca tive laudo. Isso acabada colocando gravemente a nossa vida em risco”, diz Luciano Palhano. Ansioso para se livrar da faixa que escondia os seios dia e noite, Luciano pagou R$ 6 mil por uma cirurgia. “Eu não podia ficar internado no hospital, porque era uma cirurgia não legalizada. Aconteceu do mamilo necrosar”.
Laerte Caco Barcellos conheceu a cartunista Laerte há 30 anos. No reencontro, o jornalista pergunta como deve chamá-la. “Como você se sentir mais a vontade. Não estou corrigindo as pessoas, o que sair, saiu. Não é gafe, não é problema nenhum”, diz Laerte. Caco Barcellos a acompanha em um debate sobre sua luta contra a homofobia, preconceito contra gays, travestis e transexuais.
Laerte conta que na infância gostava de ser menino. Ela esperou 30 anos e três casamentos para se revelar uma transgênero. “Eu não aceitava, porque eu sabia qual era a verdade, que não era uma etapa”.
A cartunista perdeu um dos três filhos em um acidente de carro. A partir desse momento, a mudança começou. A transformação foi registrada em seus trabalhos.
Fonte: http://g1.globo.com/
Nenhum comentário:
Postar um comentário