A
quem pertence o espaço público? Quem não é considerado humano,
passa a não ser e deixa de ter necessidades fisiológicas?
Travestis e transexuais ainda sofrem, atualmente no Brasil, uma marginalização compulsória, a esses indivíduos é negada a possibilidade de frequentar todo e qualquer terreno social. Essa noção perpassa a esfera micro e a esfera macro, seja na escola ou no trabalho, essas pessoas acabam vendo-se impedidas de acessar até mesmo os banheiros. Cinco ou seis dias semanais, com duração mínima de um período diário, em que esses indivíduos não poderão urinar ou defecar sem que, com isso, ocorra algum constrangimento, assédio, abuso, expulsão, agressão, humilhação e exposição. Esse tratamento aversivo reflete na resistência que muitas travestis e transexuais passam a ter, elas simplesmente buscam evitar esse local e isso inclusive encerra em casos graves de incontinência urinária.
Travestis e transexuais ainda sofrem, atualmente no Brasil, uma marginalização compulsória, a esses indivíduos é negada a possibilidade de frequentar todo e qualquer terreno social. Essa noção perpassa a esfera micro e a esfera macro, seja na escola ou no trabalho, essas pessoas acabam vendo-se impedidas de acessar até mesmo os banheiros. Cinco ou seis dias semanais, com duração mínima de um período diário, em que esses indivíduos não poderão urinar ou defecar sem que, com isso, ocorra algum constrangimento, assédio, abuso, expulsão, agressão, humilhação e exposição. Esse tratamento aversivo reflete na resistência que muitas travestis e transexuais passam a ter, elas simplesmente buscam evitar esse local e isso inclusive encerra em casos graves de incontinência urinária.
Uma
simples ida ao banheiro, o que parece ser um ato corriqueiro e
habitual para os inteligíveis, os cisgêneros, causa bastante
desconforto e aflição para as travestis e transexuais. Qualquer
sinal, ou não preenchimento de signos generificados, significará
ter a sua identidade deslegitimada por esses outros, finalizando em
uma violência transfóbica ao ser, costumeiramente, expulsa daquele
ambiente.
Travestis
e transexuais são ejetadas dos banheiros públicos, como os
verdadeiros dejetos que a sociedade encara que são, e isso
representa o resultado de um processo de desumanização que,
agenciado pelos considerados cidadãos de fato, mantém a existência
de um projeto de ser humano que, para os legítimos, deu errado.
Não
são gente, sequer precisam alimentar-se: justifica a ausência de
empregabilidade formal que rodeia esse contingente. Não são
pessoas, nem mesmo demandam um lar: embasa o abandono familiar que
integra parte da realidade de muitas travestis e transexuais. Não
fazem parte da população, tampouco necessitam estudar com nossos
filhos limpinhos: alicerça a evasão escolar e o descaso em relação
ao nome social. Não são humanas, seus corpos materializam uma
verdadeira aberração: fundamenta o imaginário de que existem os
corpos naturais que, mesmo não configurando em naturalidade alguma,
possuem aparato estatal para transitar.
Travestis
e transexuais estão na mira de diversas violências abstratas,
concretas, simbólicas e reais. É preciso desmistificar os espaços
de alcance básico para que a pluralidade seja acolhida e
resguardada. Infelizmente, como muitas mulheres cis, travestis e
transexuais também são estupradas, empurrar essas pessoas para um
banheiro frequentado por homens, expressa somente a maneira que a
crueldade dos considerados humanos se manifesta. Também não existem
dados de homens cis que apresentem-se enquanto travestis ou
transexuais para cometer tal crime, esse atentado costuma ocorrer
majoritariamente onde menos se espera, em casa. Medidas paliativas
que segregam e colocam em perigo um grupo de pessoas em detrimento do
outro, não deveriam ser senso comum. Mas, para a sociedade, algumas
pessoas possuem mais valor do que outras.
Os
banheiros binários possuem cabines em ambos e nos, ditos, femininos
não existem mictórios. Anulando qualquer suposta possibilidade de
exposição corporal por parte das travestis e transexuais. Se a sua
preocupação é a de que alguém acabe visualizando o seu órgão
genital, pasme, não urine ou defeque na pia.
Deixem
as travestis e transexuais em paz.
Fonte:www.facebook.com/travestireflexiva
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