quinta-feira, 21 de maio de 2015

Ex-capitã da seleção brasileira vira motorista de ônibus no Rio de Janeiro

A ex-zagueira Elane dos Santos Rego disputou três Copas do Mundo e hoje circula pela cidade conduzindo um ônibus do BRT Transoeste: 'Estou realizada com a minha profissão'

ENRIQUE PAULO H GOMES
Rio - Centenas de passageiros que diariamente pegam o ônibus do BRT Transoeste, que faz o trajeto Santa Cruz / Campo Grande, não imaginam que por trás do volante esteja uma pessoa que disputou três Copas do Mundo, uma Olimpíada e defendeu grandes clubes do futebol brasileiro como São Paulo, Corinthians e Santos. Capitã do Brasil nos Mundiais da China (1991), Suécia (1995) e Estados Unidos (1999), a ex-zagueira Elane dos Santos Rego, desde 2007, trabalha como motorista. Aos 46 anos, ela afirma que a disciplina que exibia nos campos é a mesma guiando o coletivo.
"Por eu ser zagueira, sempre fui uma atleta que joguei de forma séria, concentrada. Eu procuro trazer isso para a minha atual profissão, pois trabalhando sério, a gente consegue o respeito de todos", diz.

"Tinha uma passageira, em Sepetiba, que me reconheceu uma vez. Sempre que ela entrava no meu carro, falava com todos os passageiros que eu joguei na Seleção Brasileira. Era muito legal".
Motorista há oito anos, Elane diz que viu na nova profissão a forma de seguir com sua vida. Morando com sua mãe, em Inhoaíba, na Zona Oeste, ela acorda diariamente por volta das 6h30 para ir trabalhar. Ela lembra de uma torcedora que sempre pegava o ônibus e fazia questão de "apresentá-la" aos outros passageiros.
Dos 18 anos de carreira, Elane fala com carinho da época em que defendeu a Seleção Brasileira. Ela, que fez o gol da primeira vitória do Brasil em Copas do Mundo - 1 a 0 sobre o Japão, em 1991 -, lembra das dificuldades que sua geração passou quando o futebol entre as mulheres estava engatinhando.
"Foi muito difícil. Hoje temos um pouco de apoio, mas no inicio não tínhamos nada. A gente contava com o apoio de quem amava o esporte. A minha geração enfrentou muitos problemas, preconceito. Mas mesmo sem apoio, conseguimos conquistar com a seleção feminina o terceiro lugar do Mundial (EUA-1999)", desabafa.

"Bato sempre uma pelada, assim me mantenho em forma com o que eu gosto de fazer. A gente (ex-jogadoras) se reúne pelo menos uma vez por mês. Eu, Pretinha, Roseli e outras meninas temos um grupo que se chama Bola Redonda. Chega no final do ano fazemos a nossa festa de confraternização", diz.
A geração que abriu os caminhos para Marta brilhar atualmente, conta com nomes importantes como Michael Jackson, Sissi, Pretinha, Roseli, Fanta, Formiga, entre outras, além de Elane. A ex-capitã afirma que a união delas dura até os dias de hoje.
Mesmo sendo grata a profissão que escolheu quando encerrou a carreira em 2001, Elane admite que sente falta dos gramados, mesmo com todos os problemas do futebol feminino no Brasil. "Quando se é atleta e ama o que faz, é lógico que sentimos falta quando aposentamos. Mas hoje estou realizada com a minha profissão, pois se eu dependesse do meu esporte, não seria nada", finaliza.

Fonte: http://odia.ig.com.br/

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