Travesti mineira que virou celebridade da internet usou Youtube para falar sobre riscos e discriminação enfrentados por transexuais que vivem da prostituição
Famosa
pelo vídeo
dos "bons drinks" que
viralizou na internet há cinco anos, Luisa Marilac usou o Youtube
para um desabafo que, desta vez, nada tem de engraçado. Em gravação
publicada nesta segunda-feira, 11, a travesti nascida em Minas Gerais
denuncia casos de transfobia — ódio contra pessoas transexuais —
e narra a trajetória de amigas assassinadas no que ela aponta como
crimes de ódio. "É muito triste pegar um álbum de fotos e ver
que eu perdi tantas amigas. E não foram só essas."
Luisa
já não trabalha como prostituta há alguns anos. As histórias
violentas que ela revela, contudo, estão ligadas à profissão e ao
mundo de riscos que cercam quem vive da noite. "Nunca gostei de
me prostituir e nunca gostei de trabalhar à noite mas, infelizmente,
a gente tem que 'se virar nos trinta' para sobreviver", diz ela,
que atualmente se apresenta em boates e festas com um espetáculo de
comédia stand-up.
Em
Guarulhos, interior paulista, viu a colega de apartamento morta a
tiros em uma estrada vicinal. Micaela tinha "no máximo 16
anos", ela recorda. "Era uma criança. Uma menina gentil,
doce."
Desaparecida
após ser vista embarcando no carro de um homem em ponto de
prostituição, a jovem transexual foi executada, segundo Luisa,
depois de uma relação sexual. "É tão difícil enterrar
pessoas de quem a gente gosta, principalmente com a violência e
brutalidade com que são feitas essas coisas", reflete a
comediante.
Ela
mostra, em uma foto, Micaela fazendo pose ao lado de outra vítima da
violência. "Essa loira, nós começamos juntas no Brasil. Fomos
juntas para a Europa. E eu tive que reconhecer o corpo dela" diz
Luisa, segurando a imagem em que as amigas aparecem juntas. Sem
mencionar nome, a mineira diz que a outra transexual na fotografia
foi morta por um ladrão que se passava por cliente.
Em
meio a outros relatos, Luisa Marilac aproveita o alcance de suas
palavras — conquistado graças à repercussão do viral — para
espalhar um grito contra a violência. "Vivemos em um país onde
as pessoas maltratam, humilham, matam pelo simples prazer. Pelo
simples fato de que nada vai acontecer", ela observa. Aponta
ainda que a discriminação contra uma pessoa trans pode chegar a
níveis intoleráveis: "Tem muita travesti que se mata porque
não aguenta. A pressão em relação ao homossexual é grande [mas]
em relação ao travesti nem se compara", afirma.
Luisa
ainda ressalta a necessidade de levantar a voz contra agressões que
fazem parte da rotina de pessoas transexuais. "A gente tem que
aprender a gritar e reivindicar nossos direitos hoje e sempre, não
importa onde", declara. Ela detalha humilhações a que
travestis são sujeitas em público e explica que, para muitas, a
violência se torna reação natural à discriminação. "Quando
você vê um travesti gritar, fazer escândalo, tente entender. Não
bata martelo culpando."
Veja o vídeo: Luisa Marilac fala de amigas mortas
Fonte:http://www.em.com.br/
Nenhum comentário:
Postar um comentário