Assunto foi parar nas redes sociais e G1 realizou enquete sobre o tema. Alunos fazem abaixo-assinado; universidade não comentou o assunto.
As tradicionais placas de sinalização “Ele” e “Ela” podem deixar de existir caso um grupo de universitários consigam convencer a Universidade Federal de Uberlândia (UFU) de transformar o banheiro do bloco de Psicologia, do campus Umuarama, em unissex. A ideia surgiu do coletivo LGBT do curso, virou polêmica, mobilização, enquete e foi parar até na rede social. Um especialista em comportamento também comentou o assunto.
O G1 entrou em
contato com a assessoria de comunicação da UFU na quinta-feira (30)
e, até o fechamento desta matéria, a universidade ainda não havia
se posicionado sobre o assunto.
De acordo com o grupo, o banheiro do
térreo foi reformado em 2014, mas se tornou apenas feminino. Com as
melhorias que estão sendo realizadas no andar superior, o público
masculino só tem a opção de usar o banheiro da clínica e foi
então que surgiu a ideia de transformar o do térreo em unissex.
O coletivo defende que o banheiro é
um espaço de todos e que já há no bloco dois outros que dividem
gêneros. Eles também ressaltam que tanto homens quanto mulheres
sujam o local e que privacidade é dentro do box e não no espaço
público. O movimento ainda acrescentou que um dos banheiros já
funciona dessa forma em um dos blocos do campus Santa Mônica.
O pedido dos universitários está
sendo formalizado por meio de abaixo-assinado que será encaminhado,
ainda neste mês, para o Conselho de Psicologia.
A proposta, segundo ele, será
levada para o conselho no dia 14 de maio. O coletivo que está por
trás do pedido é formado por 15 pessoas. “Para a universidade, um
banheiro unissex representa um marco de cidadania, as pessoas usando
o mesmo espaço e assim tendo novas vivências”, comentou.
Um dos representantes do coletivo,
Pedro Augusto Pinto dos Santos, disse que acredita que a proposta
possa ser aprovada, pois existe a necessidade de uma mudança para os
usuários do bloco. “O banheiro já está sendo unissex por uso,
pois com a reforma do andar superior acabamos não tendo outra opção.
Queremos é formalizar esse uso, registrar que no local pode entrar
tanto homem quanto mulher”, explicou.
Questionado sobre os possíveis
conflitos da convivência dos dois sexos no mesmo ambiente, ele
afirmou que isso faz parte da relação entre as pessoas, mas com o
tempo vai melhorando. "Acredito que não virará bagunça, visto
que a UFU já tem uma experiência similar no outro campus”,
afirmou.
Rede Social
O coletivo criou um evento no
Facebook para falar tratar do assunto. A página que leva o nome de
“Banheiro
Unissex Já” tem mais de 190 confirmações de presença. Na
web, há várias mensagens de apoio ao pedido do coletivo.
Um dos internautas, André Lemos,
disse que “é possível uma convivência pacífica, higiênica e
respeitosa no banheiro”. Ele também é aluno do curso e citou a
necessidade de estabelecer algumas regras como levantar a tampa do
vaso sanitário, dar descarga e não ficar bisbilhotando o colega do
box ao lado.
Já Nayara Paula afirmou que trabalha em um local onde os banheiros unissex já são realidade, mas acrescentou que já viu muitas resistências e também apoio. A internauta disse que com o tempo as pessoas vão se acostumando e aceitando.
Ainda na web um formulário
para colher assinaturas foi disponibilizado pelo coletivo. O
aluno deve se identificar com nome e matrícula.
É uma opção, diz
especialista
A psicóloga e analista de
comportamento, Katia Beal, conversou com a reportagem sobre o
assunto. Segundo ela, um banheiro unissex pode ser viável. “Como a
universidade é um ambiente educacional e que prega a tolerância e o
respeito as diferenças, não vejo motivo não tentar fazer um local
sem distinção de gêneros”, afirmou.
Ela lembrou que em casa as pessoas
não fazem essa separação e tanto homem quanto mulher usam um mesmo
espaço. “A gente divide. Qual o problema? Desde que haja
privacidade dentro do ‘quadradinho’, não vejo mal algum”,
comentou.
Katia Beal ainda acrescentou que,
como já existem banheiros femininos e masculinos no bloco, o unissex
seria apenas mais uma opção. “A tentativa é válida e optativa.
Você não é obrigado a usar. Vai quem quer, quem se sente bem. Eu,
por exemplo, não teria problema nenhum em usar um banheiro unissex”,
afirmou.
A especialista ainda ressaltou que
sujeira, privacidade e comportamentos são questão de educação e
isso vem de casa, ou seja, é independente do sexo da pessoa.
Polêmica
Apesar das opiniões a favor do banheiro unissex, não são todos que se sentem confortáveis com a situação. Uma enquete feita peloG1, com início na sexta-feira (1º) e duração de dois dias, apontou opiniões divergentes sobre o tema.
Apesar das opiniões a favor do banheiro unissex, não são todos que se sentem confortáveis com a situação. Uma enquete feita peloG1, com início na sexta-feira (1º) e duração de dois dias, apontou opiniões divergentes sobre o tema.
Os internautas responderam à
pergunta “Você é a favor de banheiros unissex em universidades?”.
O resultado apontou que 74% dos participantes são a favor de
banheiros unissex e 26% são contra.
Maria Luísa foi uma das que respondeu a enquete. Ela é estudante da UFU e disse que não se sente confortável em dividir um banheiro. “Muitas vezes é um lugar que usamos até mesmo para trocar de roupa. Imagina chegar um homem lá bem nessa hora? Muito desconfortável”, opinou. Ela acrescentou que até as conversas com grupos de amigas terão que deixar de existir. “Mulher conversa de tudo e, às vezes, o tudo não pode ser tão partilhado assim”, comentou.
Maria Luísa foi uma das que respondeu a enquete. Ela é estudante da UFU e disse que não se sente confortável em dividir um banheiro. “Muitas vezes é um lugar que usamos até mesmo para trocar de roupa. Imagina chegar um homem lá bem nessa hora? Muito desconfortável”, opinou. Ela acrescentou que até as conversas com grupos de amigas terão que deixar de existir. “Mulher conversa de tudo e, às vezes, o tudo não pode ser tão partilhado assim”, comentou.
Renata Silva concorda com Maria
Luísa e se diz contra também por conta da bagunça que o banheiro
pode virar. “Tudo vai ficar mais sujo e bagunçado. Sem falar que
‘adeus’ privacidade”, afirmou.
Fonte:http://g1.globo.com/
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