quinta-feira, 28 de maio de 2015

Pra Cego Ver: uma proposta de descrição de imagens para o Facebook



 Texto retirado na íntegra de: http://www.blogdaaudiodescricao.com.br

A internet é uma ferramenta de acessibilidade ainda subutilizada. No tocante às imagens, não basta saber editar o HTML e inserir um atributo "alt", se a descrição da imagem não disser algo substancial, significativo, para o internauta com deficiência visual. No Facebook existe a opção de inserir uma descrição da imagem postada, mas a maioria das pessoas ainda ignora a presença dos que possuem limitação visual nas redes sociais. Audiodescrição/descrição de imagens ainda é novidade.
Descrevo imagens para meu blog, sistematicamente, desde 2007 [antes disso já descrevia para livros em Braille e Livro Falado]. Quando passei a usar o Facebook, site com um alcance obviamente muito superior ao do meu blog, continuei a descrever meus álbuns, causando estranhamento em muita gente, que não entendia meus motivos para inserir uma legenda enunciando algo que estava diante dos olhos de todos. Qual a importância de uma redundância dessas? 

Com o objetivo de esclarecer esse estranhamento para os leigos e atraí-los para a atividade e também, ambiciosamente, tirar os que já trabalham com a temática da deficiência visual, incluindo pessoas cegas, de suas zonas de conforto e convocá-los a assumirem seus postos de produtores de acessibilidade, criei o projeto Pra Cego Ver, cuja meta era a produção de conteúdo imagético acessível para Facebook.

Ainda sem parceiros e sem saber direito como começar, criei um evento simbólico na internet. Pessoas de todo o mundo podiam confirmar "presença". A lista dos que foram convidados por mim continua lá, bem como a lista dos que aceitaram, recusaram ou deixaram o convite em aberto com um "talvez". Com o fim, também simbólico, do evento [na verdade eu estava sob o limite imposto pelo Facebook, que me dá o prazo de 4 meses para cada evento], criei uma página permanente, na qual audiodescritores profissionais, majoritariamente do Sul do Brasil, e amadores, têm colaborado com o envio de imagens e suas respectivas descrições. Está dando certo e muitas pessoas cegas já compartilham imagens descritas, espalhando acessibilidade pela rede. 

A comunidade tem crescido. Fico feliz quando vejo pessoas cegas de minha rede compartilhando imagens descritas por mim e pelos voluntários que estão aderindo à causa, somando esforços e fazendo o projeto Pra Cego Ver mais encorpado, mais colaborativo, mais criativo. Minha alegria aumentou quando recebi imagens descritas pela Mimi Aragón e quando Bell Machado, dentre outros queridos profissionais, aderiu à página [ou curtiu, como diz o jargão da net]. São tantas pessoas bacanas ajudando, somando, fazendo acontecer, aos poucos, o sonho de uma rede social mais acolhedora, mais acessível para todos.

O desafio agora é atrair pessoas para descrever uma imagem por semana, toda quarta-feira: https://www.facebook.com/PraCegoVer/posts/434114996619016
Unindo forças, a acessibilidade é possível, sim.
Conheça a página: Pra Cego Ver
Abraços,


Patrícia Braille

Campanha "Brasil sem LGBTfobia"












Campanha "Brasil sem LGBTfobia". Participe! Envie uma foto sua com o nome da campanha para: contato@radiopowerstrike.com. Todas as fotos estarão no vídeo oficial da campanha que será lançado em 27/06/15. #BrasilsemLGBTfobia #RadioPowerStrike








Você sabia?




Todos os dias é dia de comemorar a diversidade e os direitos humanos. Juntos podemos construir um mundo em que tod@s tenham acesso a uma vida digna e produtiva, sem estigma e sem preconceitos.. 



Fonte: https://www.facebook.com/unaidsbrasil

Brinquedos como eu


Mães de crianças com deficiência se uniram em uma campanha para que os grandes fabricantes façam brinquedos com os quais essas crianças possam se identificar.


A campanha Toy Like Me (Brinquedos Como Eu, em tradução livre) já chama atenção ao redor do mundo. E a gente sabe o quanto essa representatividade é importante para uma criança que vive cercada de preconceito e algumas limitações. Já é hora de pensarmos além dos padrões comumente reproduzidos, que são altamente exclusivos. Viva a diversidade!

Saiba mais nesse texto do Lugar de Mulher --> http://goo.gl/DPd8qB
Conheça a iniciativa nas redes sociais do projeto --> https://twitter.com/toylikeme /https://www.facebook.com/toylikeme?fref=ts

Fonte: https://www.facebook.com/humanizaredes

Primeiro-ministro de Luxemburgo se casa com o companheiro

O primeiro-ministro de Luxemburgo, Xavier Bettel, se casou, na sexta-feira, 15, com o arquiteto belga Gauthier Destenay.
Os dois já tinham um contrato de união estável há cinco anos, mas com o casamento, Bettel se tornou o primeiro chefe de governo declaradamente gay da União Europeia e o segundo da Islândia.
A primeira do continente europeu foi Johanna Sigurdardottir, premiê da Islândia, que casou-se com sua mulher em 2010.
A cerimônia de casamento aconteceu na prefeitura do grão-ducado e foi presidida pela prefeita, Lydie Polfer.

Fonte: http://paroutudo.com/

Jovem deficiente cria aplicativo para avaliar a acessibilidade dos lugares

Usuários podem verificar critérios que vão desde presença de rampas até a qualidade dos banheiros adaptados

Santiago e Juliana Glasser (Dir.) iniciaram a parceria na Campus Party deste ano (Foto: Divulgação)

João Santiago é um típico jovem de 23 anos de Fortaleza (CE). Estuda numa faculdade, gosta de tecnologia, usa as redes sociais para se comunicar e, de vez em quando, sai com os amigos para conversar. Certa vez ele foi convidado para ir a um bar, mas recusou o convite porque não sabia o quanto o local era acessível.
Santiago tem paralisia cerebral e dificuldades de mobilidade. E sempre quando se prepara para se divertir, tem que se preocupar se o estabelecimento é preparado para atendê-lo. Como muitas pessoas sofrem com o mesmo problema, ele resolveu agir e desenvolveu um aplicativo para classificar a acessibilidade dos lugares. A ideia é ajudar as pessoas com deficiência a ter uma vida social.
O aplicativo se chama “Dá Pra Ir” e começou a ser desenvolvido em novembro de 2014. “Vi que muitas pessoas deficientes tinham a mesma frustração que a minha. Em dezembro eu terminei a primeira versão e decidir levar para a Campus Party”, conta Santiago.
O aplicativo funciona de forma colaborativa. O usuário, por meio do celular, faz check-in no local onde visita e coloca informações de quão acessível são as instalações. É possível também fazer avaliações em critérios como presença de banheiros acessíveis, regularidade do terreno, existência de rampas e piso tátil.
A popularização do aplicativo

Ao chegar na Campus Party, Santiago conheceu a empreendedora Juliana Glasser, 31 anos -- CEO de uma empresa de software chamada Carambola. Ela estava no evento para ser mentora de negócios em uma maratona promovida pelo Sebrae. “Fiquei encantada com o aplicativo e fiz uma parceria com o Santiago para ajudar a levar o Dá Pra Ir para as lojas de apps. Nossa relação deu tão certo que hoje ele trabalha como programador na Carambola”, afirma Glasser.
O Dá Pra Ir está disponível gratuitamente para Android. A expectativa é de que as versões para iOS e Windows Phone sejam lançadas em dois meses. Mais de 700 downloads foram realizados até o momento.
Santiago e Glasser também estão desenvolvendo um plano de negócios. Eles pretendem buscar empresas interessadas em patrocinar a ideia, e assim conseguirem a monetização necessária para expandir cada vez mais as funções do aplicativo.
O obetivo do programador é ampliar a proposta para outras deficiências, como a visual, e levar o app também para outros países. “Quero continuar programando, empreendendo e trazendo novas ideias para ajudar pessoas deficientes. Para mim, o Da Pra Ir é um sonho de empreender ajudando a sociedade”, afirma.
Fonte: http://revistapegn.globo.com/

Transexuais recebem batismo de nome social com benção ecumênica

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A benção de lideranças religiosas foi destaque na cerimônia de batismo do nome social de transexuais ocorrida na tarde da última terça-feira (19), no Espaço Cultural da Barroquinha.
No evento, religiosos e autoridades celebraram juntos o batismo de diversas pessoas da comunidade trans, em um ato simbólico de conquista e celebração do novo nome.
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A ação foi uma iniciativa da Instituição Conceição Macedo, com o objetivo de fortalecer a luta e os direitos das mulheres e homens trans na conquista do nome social.
Um dos religiosos que aderiram ao projeto, padre Alfredo destacou que este é um momento especial e de vitória. “Este ato é mais um instrumento de reconhecimento e respeito para todos e todas. Diante de Deus, ele nos reconhece pelo nome que gostamos de ser chamados. Por essa razão estamos aqui”, afirmou.
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Mãe Jaciara, Yalorixa do Yle Axe Abassa de Ogun; José Medrado, lider espirita fundador da Cidade da Luz, Pastor Djalma, da Igreja Antioquia, dona Conceição, da Igreja Messianica, Padre Alfredo da Fraternidade Sacerdotal Missionarios da Caridade, participaram do ato . A reunião de representantes de diversas religiões caracterizou o batismo ecumênico e tornou a cerimônia cheia de emoção e simbologia.
A programação foi encerrada com um show de Marina Garlen, artista transformista e militante da comunidade LGBT.
Fotos: Genilson Coutinho

Fonte: http://www.doistercos.com.br/

Jovem do sexo neutro: “Não sabia se eu era homem ou mulher”

Novo gênero surge como opção para identificar as pessoas que não se encaixam nem com o masculino nem com o feminino. Jovem paulistano Purin conta como se descobriu um neutro

No início deste mês de abril de 2014, a Suprema Corte da Austrália reconheceu os ‘neutros’, pessoas que não se identificam nem como homem nem como mulher. A Justiça australiana tomou essa decisão depois de ser acionada por Norrie, que nasceu homem e fez uma cirurgia de mudança de sexo para se tornar mulher, mas que não conseguiu se encaixar no escaninho ‘feminino’. Do outro lado do hemisfério, na Índia, o Supremo Tribunal reconheceu na última terça-feira (15) a existência de um terceiro gênero só para os transexuais.
Arquivo pessoal Purin optou pelo gênero neutro por não se identificar com os gêneros binários
Junto a outras sentenças de tribunais ao redor do globo, essas duas decisões evidenciam que o padrão binário feminino e masculino já não dá conta de encaixar as identidades sexuais existentes. A professora de inglês Purin, 20, percebeu este desencaixe logo na infância.
“Quando eu era menor, lembro-me de pentear os cabelos da minha mãe e pensar que eu queria ser mulher porque só elas tinham cabelos grandes, roupas bonitas e coloridas. Conforme fui crescendo, descobri que homens também podiam fazer essas coisas, mas eram vistos pela sociedade de uma forma pejorativa, como um homem tentando ser mulher. Tudo passava pela minha cabeça em meio a uma confusão mental sem igual, porque não sabia se eu era homem ou mulher”, relata Purin, que nasceu biologicamente com o sexo masculino.
Purin teve o insight de que era alguém do gênero neutro quando se deparou com a chamada Teoria Queer. A corrente de pensamento originada nos Estados Unidos defende que a orientação sexual e a identidade sexual ou de gênero são construções sociais e não apenas condições biológicas. A doutrina assinala ainda a existência da heteronormatividade, que é a imposição de padrões de comportamento pela maioria heterossexual.
“Comecei a querer ser tratada pelo pronome feminino. Modifiquei meu nome nas redes sociais. Muitas coisas começaram a se acalmar dentro de mim”, conta a professora, que adotou este nome por ele não poder ser identificado com nenhum gênero. Mas ao falar de si, Purin usa pronomes e artigos femininos.
Norrie conseguiu na Justiça o direito de ter em seus documentos o gênero neutro

Fonte: http://igay.ig.com.br/

quarta-feira, 27 de maio de 2015

Aos 37 anos, Maggie Gyllenhaal é considerada velha demais para interpretar amante

Em meio à polêmica pela discriminação que as mulheres sofrem em Hollywood, a atriz americana Maggie Gyllenhaal, de 37 anos, foi considerada muito velha para interpretar a amante de um homem de 55 anos.
Em uma entrevista publicada nesta quinta-feira pela The Wrap, uma revista digital especializada na indústria do entretenimento, a atriz contou sobre este incidente em sua carreira.
"Tenho 37 anos e há pouco tempo me disseram que sou muito velha para interpretar a amante de um homem de 55", revelou.
A decisão dos produtores a deixou "atônita". "No início isso me fez sentir mal, depois fiquei com raiva e no final me fez rir", afirmou.
Gyllenhaal é uma das atrizes do momento em Hollywood, depois de ganhar em janeiro o Globo de Ouro de Melhor Atriz em Série de Televisão por "The Honourable Woman".
Sua carreira inclui também uma indicação ao Oscar em 2010 por seu papel de atriz coadjuvante em "Coração Louco" ("Crazy Heart").
"Há coisas realmente decepcionantes sobre ser atriz em Hollywood que não deixam de me surpreender", explicou.
A situação de Gyllenhaal não é isolada na meca do cinema. Há apenas alguns dias a União Americana para as Liberdades Civis (ACLU, sigla em inglês) publicou um relatório destacando o pequeno papel da mulher em Hollywood.
Entre outras coisas, a instituição informou que apenas 4,6% dos filmes estreados em 2014 foram dirigidos por mulheres.
Fonte: https://br.noticias.yahoo.com

Pense

Em 1987, Hebe Camargo fala sobre homossexualidade com uma clareza incrível


Em 1987, durante sua entrevista para o Programa Roda Viva, a mulher que dispensa apresentações Hebe Camargo, fala com muita clareza sobre a homossexualidade. Sem falar muito, apenas dê o play: Hebe Camargo fala sobre homossexualidade

Fonte: https://razoesparaacreditar.com

Supremo indiano reconhece transexuais como terceiro sexo

Em 2014, A Suprema Corte da Índia emitiu um veredicto que marca o reconhecimento dos direitos transexuais como direitos humanos. A decisão dá aos trans a garantia de se identificarem como um terceiro gênero em documentos oficiais, além do masculino e feminino.
A decisão se aplica a todos os indivíduos que adquiriram características físicas do sexo oposto ou se apresentam de uma forma que não corresponde com seu sexo no nascimento. As pessoas que fizerem cirurgia de mudança de sexo serão tratadas da mesma maneira.
Pelo veredicto, os transexuais devem ser incluídos em todos os programas para pessoas carentes de todas as esferas de governo, participando de projetos de educação, saúde e emprego. Eles também podem adotar filhos.
O tribunal também ordenou que governos estaduais construam banheiros públicos separados para as pessoas transexuais. Deve ser criado ainda um departamento de saúde para cuidar dos problemas médicos desta população.
"O espírito da Constituição [da Índia] é proporcionar igualdade de oportunidades a todos os cidadãos, para que eles possam crescer e atingir seu potencial, sem distinção de classe, religião ou sexo", declarou a Suprema Corte no veredicto.
A Suprema Corte também ordenou que o governo de ponha em prática campanhas de conscientização pública para diminuir o estigma social contra as pessoas transexuais.
K.S. Radhakrishnan, juiz da Suprema Corte, argumentou que o “reconhecimento de transexuais como um terceiro gênero não é uma ação social ou médica, mas uma questão de direitos humanos”. "Transgêneros são cidadãos deste país e têm direito à educação e todos os outros direitos", continuou ele.
Os transexuais da Índia comemoram a sentença da mais alta corte indiana. A decisão foi saudada como um alento para os mais de 3 milhões de transgêneros do país, que até então não tinham o direito de trocar seus nomes e nem eram reconhecidos pelo Estado.
"Todos os documentos terão agora uma terceira categoria, a ' transexual '. Este veredicto veio como um grande alívio para todos nós. Hoje eu tenho orgulho de ser um indiano", celebrou Laxmi Narayan Tripathi, um ativista trans que acionou a corte juntamente com uma ONG local.
Muitas transexuais ganham a vida na Índia cantando e dançando em casamentos e em comemorações de nascimentos. Mas outras têm que recorrer à mendicância e prostituição.
A Comissão Eleitoral da Índia já havia permitido que transexuais se registrassem com a opção de gênero "outro”. A mudança vale inclusive para as eleições nacionais deste ano, no próximo dia 12 de maio. Até agora, 28 mil eleitores se registraram nesta categoria.
O tribunal especificou que a decisão desta terça só se aplica a pessoas transexuais, mas não para gays, lésbicas ou bissexuais. A comunidade LGBT da Índia protestou recentemente contra uma lei da era colonial que proíbe sexo gay, tornando essa população um alvo fácil da polícia.
Fonte: http://igay.ig.com.br/

Os rótulos sexuais estão chegando ao fim?

Os g0ys, homens que gostam de outros homens, mas não se consideram gays, colocam à prova as barreiras tradicionais entre os gêneros. A ciência aponta que o comportamento sexual é tão múltiplo que as categorias, como as conhecemos, podem estar acabando

Bandeira gay
O Facebook disponibiliza aos usuários 50 alternativas de gênero: andrógino, transexual, pangênero e fluido são algumas denominações(Thinkstock/VEJA)
Aos 27 anos, o paraense Joseph Campestri, morador de Brasília, descobriu que era g0y (g-zero-y). Ele gosta de outros homens, troca carícias íntimas com eles, mas não se considera gay. Sexo, só com mulheres. Foi em um grupo na rede social Facebook, em 2011, que Campestri descobriu que existiam outras pessoas assim, autointituladas g0ys. O termo surgiu nos Estados Unidos, por volta dos anos 2000 e, dez anos depois, chegou ao Brasil por meio de blogs. Em novembro do ano passado, a página do Facebook "Espaço G0ys e afins" contava com 43 participantes. Hoje, esse grupo é uma das principais comunidades de g0ys por aqui, com 1 994 perfis. Rio de Janeiro, São Paulo, Brasília, Salvador e Belo Horizonte são as cinco capitais que mais concentram g0ys, de acordo com estatísticas dos blogs e redes sociais onde eles se apresentam.
"Os g0ys não se enquadram nos padrões heterossexual, homossexual ou bissexual", diz Campestri, de 30 anos, um dos líderes do movimento no Brasil e o criador de sua bandeira, com faixas em tons de azul. A maior parte dos g0ys se diz hétero e mantêm relacionamentos com mulheres - alguns são até casados. "Os homens com os quais me envolvo na privacidade podem ter qualquer orientação sexual, isto é, podem ser g0ys ou não. Posso me relacionar com todos os homens por quem eu me sinta atraído."
Pessoas como Campestri mostram que as fronteiras entre as orientações sexuais heterossexual, homossexual ou bissexual são, cada vez mais, colocadas à prova. O Facebook adicionou, em fevereiro deste ano, uma opção customizada para os usuários que escolhem o inglês americano como idioma dando a eles 50 alternativas de gênero. A pessoa pode se definir como andrógina, transexual, pangênera, fluida, entre outras denominações. No início de abril, a Suprema Corte da Austrália concedeu a uma pessoa nascida homem, que fez a cirurgia de mudança de sexo, a opção de gênero "não-específica".
A multiplicação do sexo - À primeira vista, essa confusão entre gêneros, orientações e expressões sexuais é um fenômeno recente. Mas, para os cientistas que estudam o comportamento humano, a época em que vivemos - com muitas informações circulando nos meios de comunicação - apenas deu visibilidade a práticas que há muito são vividas na intimidade.
"Hoje, com o estigma e os preconceitos diminuindo, as pessoas se sentem mais livres para falar de sexo e declarar suas preferências", diz a psiquiatra Carmita Abdo, coordenadora do Projeto Sexualidade (ProSex), do Instituto de Psiquiatria da Universidade de São Paulo (USP). "O mundo está ficando menos dicotômico e passamos a questionar o que significa ser homem ou mulher. E, agora, vamos ter que encontrar formas de lidar com todas essas formas de sexualidade que estão aparecendo."
Outro fator que colaborou para tirar da sombra comportamentos que fogem do tradicional foi o avanço da ciência, que mostrou que nem todas as atitudes distantes do convencional são doenças ou transtornos. "Somados, os elementos sociais e biológicos estão mostrando que os homens podem ter um comportamento sexual mais variado do que, tradicionalmente, se acreditava", afirma a psiquiatra Alessandra Diehl, coordenadora da Pós-Graduação em Transtornos da Sexualidade e Saúde Sexual da Universidade Federal de São Paulo (Unifesp). "A sexualidade é uma área fluida."
Inúmeros caminhos - De acordo com os médicos e psiquiatras, sexo biológico, gênero, orientação e expressão - elementos que formam o comportamento sexual humano - não são opções divididas apenas entre o feminino e o masculino. São gradações e podem ser combinadas, dando origem a inúmeras possibilidades. E isso é verdade mesmo para o sexo biológico. Enquanto a maioria das pessoas nasce com órgãos sexuais de apenas um dos gêneros, outras vêm ao mundo com os dois (os hermafroditas) e há aquelas que nascem com o órgão feminino, mas têm resquícios do masculino e vice-versa.
Mas o campo que pode ganhar mais definições e denominações diferentes é o da orientação ou preferências sexuais, isto é, o sexo por quem uma pessoa se sente atraída. Além dos tradicionais LGBT para lésbicas, gays, bissexuais e transgêneros, já há novas classificações em inglês que incluem ao final da sigla as letras QIA, que significam "questionando", "intersexo" (equivalente ao hermafrodita) e "assexuado".
Tantos nomes novos, obviamente, não querem dizer que homens e mulheres heterossexuais possam ser considerados "uma minoria entre outras". "É importante notar que, em todas as culturas ao redor do mundo, o comportamento homossexual é minoria. O que estamos descobrindo é que, talvez, ele não seja tão raro quanto imaginávamos", explica o médico Amílton dos Santos Júnior, pesquisador do departamento psiquiatria da Universidade Estadual de Campinas (Unicamp). "A parte majoritária da população é heterossexual, embora mesmo esses possam ter experiências que fogem a essa norma. Admitir uma experiência sexual com alguém do mesmo sexo não torna uma pessoa homossexual ou de outro gênero."
História do sexo - A enorme variação entre as orientações sexuais foi identificada pela primeira vez nos anos 1950 pelo biólogo americano Alfred Kinsey (1894-1956), pioneiro em estudos sobre a sexualidade humana. Reunindo cerca de 18 000 entrevistas de pessoas das mais variadas classes e profissões, feitas a partir dos anos 1930 até sua morte, o cientista elaborou a Escala Kinsey, que ia de um comportamento exclusivamente heterossexual até o exclusivamente homossexual. Entre os dois extremos, identificou cinco gradações, que mesclavam as duas atitudes: heterossexuais com alguns eventos homossexuais, heterossexuais com muitas relações com o mesmo sexo, bissexuais, homossexuais com muitas relações heterossexuais ou homossexuais com raros eventos heterossexuais.
Atualmente, psicólogos e psiquiatras identificaram muito mais que as sete categorias definidas por Kinsey. Além de serem numerosas - os especialistas chegaram à conclusão que as diversas possibilidades não são fechadas em um número único ou finito - elas ainda podem mudar ao longo da vida. "O que ocorre é que, predominantemente, nos sentimos atraídos por um sexo, mas, incidentalmente, podemos gostar de outro", explica Alessandra. "A ciência nos dá indícios para acreditar que a orientação sexual é inata. Nascemos com tendências, mas elas vão se transformando ao longo da vida, de acordo com as influências e experiências de vida."
Pan-gênero - Desde criança, Föxx Salema, de Bragança Paulista (interior de São Paulo), sabia que o sexo com que nasceu não correspondia a seus sentimentos e inclinações. Nasceu homem, mas sentia-se mulher. Aceitar essa situação causou inúmeros conflitos na adolescência. Entrou em depressão, tentou se matar e demorou a aceitar que era transgênero.
Hoje, aos 36 anos, é vocalista de uma banda de metal e hard rock, tem feições masculinas e define-se com identidade feminina. Embora não queira mudar de sexo ou adotar uma aparência de mulher, pede para que os interlocutores usem o pronome "ela" nas conversas e afirma que se relaciona com "pessoas" - homens, mulheres, travestis ou transgêneros. Föxx diz que as dúvidas a respeito de sua identidade só tiveram fim há poucos anos quando, pelas redes sociais, encontrou outras pessoas que também não se encaixam nas categorias fixas de homem, mulher ou gay.
Base biológica - Historicamente, os debates sobre orientação sexual se dividem entre os que afirmam que alguém nasce gay ou torna-se assim de acordo com as influências do ambiente onde vive. Para resolver o embate, desde os anos 1990, os cientistas buscam identificar bases biológicas para a variedade sexual que existe entre os seres humanos. Alguns, como o neurocientista anglo-americano Simon LeVay, resolveram levar a cabo estudos sobre as diferenças entre os cérebros de gays e heterossexuais para mostrar como a mente humana processa os impulsos sexuais.
Em 1991, o pesquisador examinou o hipotálamo de homens gays - mortos pela aids - e descobriu que uma estrutura chamada INAH-3 era de duas a três vezes menor que a de heterossexuais. Essa região costuma ser também menor em mulheres que em homens. Apesar de questionada pela comunidade científica - não se sabia se a diferença estava relacionada à experiência gay ou à doença - essa foi uma das primeiras evidências de que a orientação sexual pode ter origem biológica.
"Se olharmos as centenas de estudos que foram publicados nos últimos anos, eles apontam que eventos ocorridos no cérebro antes do nascimento têm forte influência na orientação sexual de alguém. Há genes e hormônios sexuais envolvidos nesse processo", diz LeVay. "Ninguém tem o poder de escolher seus sentimentos sexuais - ou seja, por quem é atraído. A escolha está no que fazer com essas emoções: definir o comportamento sexual, relacionamentos ou como se apresentar à sociedade."
Genética sexual - A maior parte das pesquisas atuais relacionadas à orientação sexual concentra-se na genética. Alan Sanders, pesquisador da Universidade de Northwestern, nos Estados Unidos, terminou este ano o maior estudo genético já realizado sobre o assunto. Reuniu 400 irmãos gays (pouco mais de 800 homens) e, durante dez anos, estudou o DNA dessas pessoas para tentar descobrir se há componentes genéticos que definem se alguém é homossexual. Os primeiros resultados da pesquisa, ainda não publicados, confirmam as pesquisas de Dean Hamer, do Instituto Nacional do Câncer, nos Estados Unidos, chamado de pai do "gene gay". Em 1993, Hamer viu que uma região do cromossomo X, chamada Xq28, era igual em muitos irmãos homossexuais. O estudo de Alan Sanders descobriu não um, mas dois cromossomos que aparentemente influenciam na orientação sexual: o Xq28 e o cromossomo 8.
No entanto, o pesquisador é categórico ao afirmar que a orientação sexual não é determinada apenas pela genética ou pela biologia. O ambiente social, cultural, familiar e as experiências psicológicas também têm forte influência. "Há muitas contribuições ambientais sobre as quais sabemos muito pouco. O que sabemos com certeza é que a escolha da orientação sexual não é consciente ou maleável. Elas são congênitas, naturais e definidas muito cedo", afirma Sanders.
Característica natural - Desde 1973, a Associação Americana de Psiquiatria não considera mais a atração por pessoas do mesmo sexo uma doença - foi quando homossexualismo virou homossexualidade. Até 2012, estar em um corpo de um gênero e sentir-se em outro era considerado um transtorno. Desde o início do ano passado, entretanto, o transtorno de identidade de gênero tornou-se uma disforia, ou seja, uma angústia por pertencer a um corpo que não é o seu. A denominação, adotada no Dicionário de Saúde Mental (DSM-5), manual feito pela associação americana, deve ser revista também pela Classificação Internacional de Doenças (CID-11), que deverá ser publicada em 2015 pela Organização Mundial de Saúde.
Para parte dos especialistas, porém, não pertencer à definição anatômica do sexo biológico ou não enquadrar-se nos gêneros binários tradicionais não é sequer uma angústia. É apenas mais uma característica, natural, encontrada em todos os animais.
Para o psiquiatra Alexandre Sadeeh, coordenador do Ambulatório de Transtorno de Identidade de Gênero do Hospital das Clínicas da Universidade de São Paulo (USP), as possibilidades sexuais humanas são tantas que as diversas denominações jamais darão conta de nomear a todas. "Tantas divisões esvaziam o tema. Quem sofre por estar em um corpo em que não se reconhece pode se submeter à cirurgia, feita com acompanhamento e tratamento gratuito no Brasil desde 2008. No entanto, é importante saber que há milhares de variações e combinações possíveis. A biologia dá a base determinante e muitos outros fatores agem para variá-la."
"Estamos em uma fase de transição em que comportamentos e expectativas sociais e sexuais estão se transformando. É um período em que os parâmetros parecem ter desaparecido e isso, não necessariamente, vai permanecer", afirma a psiquiatra Maria Inês Lobato, coordenadora do Programa de Transtorno de Identidade de Gênero do Hospital das Clínicas de Porto Alegre e professora da Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS). "Os padrões típicos do que é ser homem ou mulher mudaram, mas ainda não estão definidos. É uma discussão que ainda vai nos acompanhar por um bom tempo."

Fonte: http://veja.abril.com.br/

À Flor da Pele, por Alexandre Severo

11.11.2012 / EM ARTE FOTOGRAFIA / POR JULIA BOLLIGER


"Nasceram sem cor, numa família de pretos. Três irmãos que sobrevivem fugindo da luz, procurando alegria no escuro. O mais novo diz que é branco vira-lata. Os insultos do colégio viraram identidade. A mãe cochicha que são anjinhos. Eles têm raça sim. São filhos de mãe negra. O pai é moreno. Estiraram língua para as estatísticas e, por um defeito genético, nasceram albinos. Negros de pele branca. A chance dos três nascerem assim na mesma família era de uma em um milhão. Nasceram. Dos cinco irmãos, apenas a mais nova é filha de outro pai. Esta é a história do contrário", escreveu o jornalista João Valadaresem 29 de agosto de 2009, sobre a história dos irmãos Ruth, Esthefany e Kauan.
Em razão de ilustrar a reportagem sobre a família Fernandes de Andrade no Jornal do Commércio, nasceu À Flor da Pele, do pernambucano Alexandre Severo. A pauta era acompanhar os dias de três crianças albinas nascidas numa família de negros, na comunidade V9, em Olinda (PE).
Trata-se de uma família pobre que não tinha grana para comprar protetor solar para as crianças poderem sair à luz do dia. Enquanto Valadares escrevia, as lentes de Severo ressaltavam os contrastes das crianças negras que brincam ao sol e das crianças albinas que brincam sob a lua.
Como não poderia deixar de ser, uma história de negros-galegos sob o sol de Olinda gerou comoção: falou-se sobre o estranhamento da mãe quando os filhos nasceram, a atuação física dos genes recessivos, até o pessoal da internet começar um movimento para ajudar a família com doações para o protetor solar. Os cliques de Severo eternizando o improvável.
Desde o começo de sua carreira, em 2002, foi o toque de fotojornalismo oriundo dos 7 anos que passou no Jornal que deu forma a seus ensaios. Para o trabalho autoral, ateve-se ao estudo sobre culturas locais, contrastes e o envolvimento com questões de identidade. À Flor da Pele é um bom exemplo disso.
Em casos anteriores, Severo documentou a Missa do Vaqueiro, em Serrita, para contar uma história de trajes do cangaço, cavalos e homens de fisionomia sincera. Viu os trabalhadores imigrantes japoneses em São Paulo e capturou toda a informação visual dos Sertanejos, as comunidades mais afastadas do Nordeste, em retratos que parecem, senão próximos, familiares. A alma sempre ali.
No texto de apresentação do ensaio Vazios, encontro algo que possivelmente validaria o argumento sobre a obra de Severo, um fotógrafo preocupado em fazer a alma conversar pelas imagens: "Segundo Platão, em Fedro, há dois tipos de almas: as que habitam o plano divino, onde conseguem enxergar o âmago das coisas e se alimentam do que é belo, sábio e bom; o outro tipo mal consegue contemplar as essências, uma vez que não conseguiu chegar na verdade e se satisfaz com a opinião. A alma nobre permanece elevada e compartilha a abóbada celeste com os deuses. A alma que não consegue enxergar a verdade, cai no plano terrestre e é incorporada pelo homem. Nessa alma, o que prevalece é a aparência das coisas. Uma vez que o que difere o homem é sua alma, aqui, na terra, somos todos iguais à espera dessa entidade caída".

 Fonte: http://www.ideafixa.com/

Adolescente de 13 anos escreve livro sobre adoção homoafetiva

alysson miguel harrad reis jamily a holandesa negra
Mais uma vez a prova de que o amor é a melhor resposta. Alyson adolescente, negro, adotado aos 10 anos de idade por um casal homoafetivo. Essa história de amor, acima do preconceito, transformou a vida desse garoto e é mais uma prova que o amor, respeito, atenção, limites e boa educação, é o que influência no crescimento e desenvolvimento de um cidadão e não a orientação sexual dele ou de seus responsáveis.
alisson
Alyson Miguel Harrad Reis acaba de lançar um livro infantil intitulado “Jamily, a holandesa negra – a história de uma adoção homoafetiva”, e conta um pouco da trajetória de adoção de Jamily. Na verdade a personagem nada mais é que a história de Alyson, contada por outros personagens. O pequeno autor tinha problemas com as letras e seu pai, Reis, Doutor em Educação desenvolveu um processo para filho ler três livros por mês, com o desafio de responder perguntas que incluíam o que a trama interferia na vida do leitor. Tudo era publicado no blog do garoto –  (aqui)  – até que um dia ele quis escrever uma história sua, pois estava cansado de ler a histórias dos outros e foi aí que surgiu o livro. No livro, o adolescente virou Jamily; o Rio de Janeiro virou a Etiópia; e Curitiba, Amsterdã. Cada passagem do livro conta um pouco do que a adolescente passou, incluindo a adoção e os sofrimentos da personagem ao desembarcar na escola. Alyson viveu em diversos abrigos do estado, sem pais. “ninguém merece ter o governo como pai e a prefeitura como mãe”, disse em um artigo publicado na Gazeta do Povo, jornal de maior circulação de Curitiba. (aqui)
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Porém a vida sorri para o garoto e ele é adotado por Toni Reis e Davi Harrad e a vida do adolescente muda da água para o vinho. “Durante dois anos, meus queridos e amados pais me deram uma educação rígida, mas é a melhor que eu já tive”, diz Alyson em seu artigo.

Alyson também conta que uma vez na aula de inglês, um colega chamou seus pais de gay e a professora disse a ele que os pais de Alyson, sendo gays assumidos, deram melhor educação para ele que qualquer outro pai dos alunos da escola.
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Esperamos que com esse exemplo, mais casais sejam incentivados a adotar, e não só isso, mas adotar crianças fora da faixa de idade nas quais são mais comuns as adoções. Existem mais crianças que não são mais bebês, para adoção, que precisam de um lar, carinho, só esperando por uma oportunidade.

O livro foi lançado na Casa Hoffmann, no Largo da Ordem em Curtiba. Esperamos mais e mais livros desse pequeno prodígio de apenas 13 anos. Sucesso Alyson.


That’s all folks 

fonte: http://pausadramatica.com.br/

Duas em cada dez empresas se recusam a contratar homossexuais no Brasil

Anna Castanha
Anna Castanha sofreu homofobia do chefe
Quase 20% das empresas que atuam no Brasil se recusam a contratar homossexuais. A conclusão é de uma pesquisa da empresa de recrutamento e seleção Elancers, que entrevistou 10 mil empregadores e mostrou que muitas companhias preferem rejeitar um candidato gay por temer que sua imagem seja associada a ele.
Cerca de 7% dessas empresas não contratariam homossexuais “de modo algum”, diz o estudo, enquanto 11% só considerariam a contratação se o candidato jamais pudesse chegar a um cargo de visibilidade, como o de executivo.
A pesquisa cita a justificativa de uma das recrutadoras entrevistadas, cujo nome foi preservado: "As empresas rejeitam homossexuais para posições de nível hierárquico superior, como diretores, vice-presidentes ou presidentes porque esses cargos representam a organização em eventos públicos e a associação de imagem poderia ser negativa para a companhia”, diz ela. “Quando falamos de escolas, as restrições a homossexuais são maiores por várias razões, mas principalmente pelo receio em relação aos pais dos alunos."
Raira Pereira dos Santos, hoje com 24 anos, sofreu duplo preconceito. Primeiro não conseguiu emprego por ser gay, depois, por assumir sua identidade de mulher. Ela conta que desde que assumiu sua homossexualidade, aos 17 anos, passou a ser rejeitada mesmo quando tinha a escolaridade e a experiência exigidas. "Um gay com comportamento delicado tem dificuldade em conseguir emprego até vestido como ‘homem’. Só é possível trabalhar em Call Center. Por telefone ninguém está te vendo. A voz pode enganar. Mas se o emprego exigir a presença física, o patrão rejeita o gay porque o cliente acha que está vendo a empresa."
Aos 20 anos, ela decidiu assumir-se mulher e adotar o nome social de Raira. As portas, então, fecharam de vez. "Se você é gay, pode fingir que é hétero, mas quando deixa o cabelo crescer e assume sua identidade feminina, o preconceito aumenta." Ela conta que raramente o entrevistador admite as razões da recusa. "Essa admissão só aconteceu uma vez. A entrevistadora de uma vaga para recepção foi educada, mas deixou bem claro que não poderia me contratar por causa da minha aparência." Raira só conseguiu emprego depois de admitida pela Prefeitura de São Paulo, e agora trabalha com política LGBT no município. 
Como nem sempre a sexualidade é aparente, alguns contratados só passam por assédio e preconceito depois da admissão. Bissexual, a publicitária Anna Castanha, de 28 anos, deixou uma agência de publicidade na cidade de Santos registrando um boletim de ocorrência três meses depois de começar a trabalhar.
As primeiras provocações começaram depois que ela ficou muito amiga de uma colega heterossexual. Elas começaram a frequentar os mesmos lugares e a ir embora juntas depois do expediente, como muitos colegas de trabalho. Mas em uma reunião com toda a equipe na sala do chefe, o primeiro constrangimento. "Os 12 funcionários da agência entraram na sala. Eu fui a última e pedi um canto ao lado dessa amiga. Nosso chefe nos olhou e perguntou na frente de todo mundo: 'vocês estão tendo um caso? Estão namorando? Quem é a ativa e quem é a passiva? Quem fica por cima e quem fica por baixo?'"
Pouco tempo depois, o mesmo chefe "simulou um 69 na frente de todo mundo, fazendo uma alusão a como nós duas nos relacionávamos intimamente". Em seguida, soube pela própria cliente o modo como uma funcionária da agência se referiu a ela quando perguntaram sobre sua ausência em uma reunião: "Quem, a Anna? Aquela sapatona escrota?"
Anna e a amiga deixaram a agência imediatamente e foram registrar o B.O. "E nunca nos pagaram pelos meses que trabalhamos", garante. "Hoje dou um curso chamado Marketing Fora do Armário, que fala sobre o mercado focado no público LGBT."
Fabio Steiner
Fabio Steiner sentiu-se depreciado em uma entrevista de emprego
O arquiteto Fabio Steiner, 35 anos, atribui ao preconceito de gênero a forma como foi tratado em uma entrevista de emprego. Embora a promessa fosse uma remuneração de 6 mil reais, Steiner se surpreendeu com a mudança na oferta durante a entrevista. "Eles me olharam torto e me ofereceram mil reais. Os outros 5 mil ficariam com eles para 'me administrar'."
Diretor da Elancers, Alexandre Nunes avalia que os contratantes brasileiros são “bastante conservadores”. “Preferem sempre os candidatos dentro do padrão ‘politicamente correto’, seja na forma de se vestir, de falar e até a opção sexual.”
Segundo Cezar Tegon, presidente da companhia, a pesquisa revela que o homossexual declarado só e bem-aceito nas áreas de moda ou design de interiores. “No entanto, parece evidente que as mulheres homossexuais declaradas sofrem discriminação também nesse meio."
Fonte: http://www.cartacapital.com.br/