quinta-feira, 30 de abril de 2015

Brasil deu mais trabalho digno às mulheres, diz ONU

Entidade elogia criação de 10 milhões de empregos com carteira assinada no país, em relatório divulgado nesta segunda-feira


POR JULIANNA GRANJEIA

O Brasil é um dos países em destaque no relatório mundial “Progresso das Mulheres no Mundo 2015-2016: Transformar as economias para realizar os direitos”, elaborado pela ONU Mulheres, que será lançado nesta segunda-feira no México. O país é elogiado por seu papel na geração de trabalho digno para as mulheres.
Segundo o órgão, de 2001 a 2009, a participação das mulheres no mercado de trabalho brasileiro subiu de 54 para 58%. Além disso, foi ampliada a cobertura de proteção social com empregos com carteira assinada.
O documento aponta que frequentemente os direitos econômicos e sociais das mulheres são limitados porque “elas são forçadas a viver em um mundo de homens”.
O relatório também diz que as mulheres ocupam os empregos com menores remunerações e baixa qualidade e continuam a ser alvo das condições mais precárias de saúde, acesso à água e saneamento. As mulheres ainda são responsáveis pela carga excessiva de trabalho de cuidado sem salário, algo que as políticas de austeridade e os cortes orçamentários têm intensificado.
O documento faz parte da programação do 20º aniversário da Quarta Conferência Mundial sobre a Mulher, ocorrida em Pequim, na qual se definiu uma agenda internacional para fazer avançar a igualdade de gênero.
Para respaldar essa meta, o relatório traz dez prioridades para intervenção de políticas públicas para nortear os países: criação de mais e melhores empregos para mulheres; reduzir a segregação ocupacional e as lacunas salariais entre os gêneros; reforçar a seguridade das mulheres em todo o ciclo de vida; ajudar as organizações de mulheres a exigirem seus direitos e influenciarem a agenda do poder público; aumentar os recursos destinados à igualdade entre os gêneros; reconhecer, reduzir e redistribuir o trabalho doméstico não remunerado; investir em serviços sociais com perspectiva de gênero; criar um ambiente mundial favorável aos direitos das mulheres; utilizar os direitos humanos para conceber políticas para catalizar a igualdade de gêneros e obter evidências empíricas que permitam a avaliação do progresso no domínio dos direitos econômicos e sociais das mulheres.
No primeiro item, de criação de mais empregos, a ONU diz que a participação das mulheres da força de trabalho estagnou em todo mundo e que as políticas econômicas têm sido incapazes de criar postos decentes e suficientes para mulheres, o que dificulta a saída da faixa da pobreza. O órgão sugere, entre outras coisas, o desenvolvimento de políticas macroeconômicas que incentivem atividade e o aumento da oferta de trabalho, ao invés de focar em um conjunto de metas baseadas, por exemplo, na manutenção da inflação baixa.
O destaque ao Brasil aparece no segundo item, que diz que entre 2001 e 2009 foram criados 17 milhões novos postos de trabalho, dos quais mais de 10 milhões com carteira assinada. Entre 1995 e 2007, a diferença na remuneração de homens e mulheres caiu de 38% para 29%.
“O sucesso do Brasil na criação de empregos decentes é o resultado de um conjunto de políticas econômicas e social (...) O aumento do valor real do salário mínimo tem ajudado a reduzir pobreza e explica a queda de 66% da desigualdade no período de 2000-2008. Políticas de proteção social também tiveram efeitos importantes: uma nova queda de 16% na desigualdade foi devido a aumento das pensões e 12% para o programa de bem-estar social Bolsa Familia”, diz o relatório.
Os salários das mulheres são, em média, 24% inferiores aos dos homens, em todo o mundo, segundo o relatório. A Àsia Meridional tem a maior desigualdade: 33%, enquanto que o Oriente Médio e a região Norte da Àfrica têm o menor: 14%

Fonte:www.oglobo.globo.com


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