Apenas cinco segundos podem fazer diferença na vida. Por esse breve momento, João Santiago deixou de respirar assim que nasceu, o que lhe resultou uma paralisia cerebral, o que lhe afetaria os movimentos do corpo. Após 23 anos daquele dia, ele superou os limites locomotores por meios digitais, criando um aplicativo que auxiliaria pessoas com deficiência: o“Dá Pra Ir?”.
Simpático, o estudante de Ciências da Computação desce uma longa escada para receber as visitas na casa onde mora, em Fortaleza. Assim que termina a subida, chega-se ao seu escritório: uma mesa com computador e celular. Com alegria e orgulho, ele mostra o aplicativo, que já conta com cerca de 1,5 mil usuários.
O Dá Pra Ir disponibiliza informações sobre a acessibilidade dos locais aos deficientes, como listas de regiões mais acessíveis da cidade, classificações e publicidade aos lugares especializados. A ideia surgiu quando João Santiago precisou ir a um bar e ficou com medo por não saber se o local portava as condições necessárias ao seu acesso.
Em 2014, João passou dois meses pensando no meio de desenvolver a ideia de ter uma rede compartilhada de informaçõessobre locais acessíveis e não-acessíveis. Depois levou a ideia para um evento em São Paulo, discutindo um tipo de software que ajudasse na locomoção de pessoas com deficiência, assim como a dele.
A princípio surgiu o frio na barriga. Afinal, ele era um dos poucos deficientes que participavam do evento. Aliado a isso, ele ainda estava sozinho, enquanto outras ideias eram defendidas por equipes. Mas a cidade paulista foi um divisor de águas, tanto para a ideia do aplicativo, quanto para a vida em si. Lá, ele percebeu que Fortaleza precisa melhorar bastante, enquanto cidade com acessibilidade. De quebra, conseguiu apoio de pessoas importantes para a elaboração do projeto.
A afinidade com programação veio ainda na infância, quando tinha 8 anos. Entretanto João não sabia que chegaria a influenciar a vida de outras pessoas com o aplicativo. Ele recebe depoimento de usuários agradecendo a iniciativa. “Me sinto muito honrado por ser útil. E que eu possa ajudar muito mais pessoas”, revela.
Fã número um do rapaz, a mãe Eliza Santigo se orgulha da força de vontade do filho, que superou os limites e tornou-se um exemplo. Ela analisa que todo o esforço que teve com ele, para aprender a andar e falar, valeu a pena. A família mora há dois anos no Ceará.
Hoje, o estudante se dedica aos estudos, projetos e à namorada, também com deficiência. Ainda almeja grandes vitórias, a primeira seria de se formar e trabalhar com programação ou banco de dados. Sobre a superação, João conclui com uma espécie de clichê, mas que funciona se colocado em prática. “Sonhar é preciso para tornar possível o impossível”.
Fonte:http://tribunadoceara.uol.com.br/
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