sexta-feira, 12 de junho de 2015

“Assistente Social Márcia Chrysóstomo do Instituto Federal Fluminense Abrindo à Boca Para Marco Barcelos

Marco Antonio, seria muito bom se pudéssemos ter espaço na mídia para divulgarmos e exigirmos os direitos das pessoas com deficiência e transtornos de aprendizagem. Na oportunidade que tive na Câmara em fazer uma fala de agradecimento por ter recebido a Ordem do Mérito de Benta Pereira, pelo trabalho que desenvolvo no IFF, não exitei em levantar a minha bandeira por sociedade inclusiva. Uma sociedade de TODOS. Como diz a Claudia Werneck em seu livro “Ninguém mais vai ser bonzinho na sociedade inclusiva”, Nesta sociedade não há lugar para atitudes como “abrir espaço para o deficiente” ou ” aceitá-lo”, num gesto de solidariedade, e depois bater no peito ou ir dormir com a sensação de ter sido muito bonzinho. Na sociedade inclusiva ninguém é bonzinho. Somos apenas – isto é o suficiente – cidadãos responsáveis pela qualidade de vida do nosso semelhante, por mais diferente que ele seja ou nos pareça ser.
As famílias precisam entender que a educação para as pessoas com deficiência é um direito. Que todas as escolas, universidades tem que oferecer acessibilidade metodológica, arquitetônica e atitudinal, comunicacional e programática. Nenhuma escola pode recusar a matrícula de uma pessoa por ela ter uma limitação, definitiva ou temporária.

2-Aproximadamente 15% da população mundial têm alguma deficiência, só em Campos existem mais de 70 mil. Qual a sua orientação a todos que a vida parou por ser deficiente? E como ter acessos aos cursos técnicos?
A Declaração Madri (2002) sugere um bom caminho para compreendermos o processo de inclusão social ao
identificar que as ações estão deixando de dar ênfase em reabilitar pessoas para se ‘enquadrarem’ na sociedade e adotando uma filosofia mundial de modificação da sociedade a fim de incluir e acomodar as necessidades de todas as pessoas, inclusive das pessoas com deficiência. As pessoas com deficiência estão exigindo oportunidades iguais e acesso a todos os recursos da sociedade, ou seja, educação inclusiva, novas tecnologias, serviços sociais e de saúde, atividades esportivas e de lazer, bens e serviços ao consumidor.
>No Instituto Federal Fluminense, campus Campos -Centro, temos o NAPNEE que é um núcleo que promove a acessibilidade das com deficiência que buscam o ensino profissional e tecnológico em todos os níveis – básico,médio, superior e pós graduação.
Ao se inscrever no processo seletivo e assinalar que possui algum tipo de deficiência, será encaminhado ao NAPNEE, para verificar se há necessidade de recursos especiais para realizar a prova, como:ledor, interprete de LIBRAS,BRAILLE, tempo adicional ou outros.Ao se aprovado o estudante terá todo apoio do NAPNEE co monitorias, materiais adaptados, intérpretes, atendimento psicológicos, orientação aos professores de acordo com sua necessidade. Também nos preocupamos com uma saída exitosa dos nossos estudantes.Através do Banco de Humanos – BRH Acessível nos buscamos vagas de estágio e emprego nas empresas da região de abrangência do IFF,
Há também os cursos do PRONATEC, e o IFF junto com o Sitema S, é ofertante nesses cursos as pessoas com deficiências fazem parte do público prioritário a ser atendido por esse programa, assim como as entidades também podem solicitar cursos para qualificar seus atendidos
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3-Existem várias entidades de assistência, em nossa cidade como APAE, APOIE, São José Operário entre outros. Existe alguma parceria com o IFF ?
Sim. Nos trabalhamos em parceria com essas instituições e ainda com a AFLUDEF e algumas ONGs.
Divulgamos nossos cursos e cadastramos no BRH – Acessível as pessoas que estão aptas para o mercado produtivo, para que possamos inseri-las no mundo produtivo.
Em nossa instituição também temos Bolsa de Inclusão que é um projeto em que as pessoas encaminhadas por essas instituições exercem atividades com acompanhamento e ainda podem fazer cursos para se capacitarem e terem oportunidade de acesso ao mercado.

4-Todo ano o IFF lança ao mercado de trabalho centenas de alunos, qual o índice de absorção de alunos com alguma deficiência nas empresas?
O BRH Acessível, não inclui apenas as pessoas que conclui cursos no IF Fluminense, mas como falei anteriormente, mas também todas encaminhadas pelas referidas instituições e da comunidade em geral
O estudo de egressos dos estudantes com deficiência do IF Fluminense, desde 1999, quando iniciamos esse trabalho, é tema de uma Trabalho de Conclusão de Curso de uma estagiária de Serviço Social da UFF. a pesquisa está em andamento.
Posso dizer que temos muitas pessoas que durante esse tempo concluíram os cursos técnico estão trabalhando em empresas públicas e privadas, inclusive concursados aqui no IFF. Se tiver interesse, posso indicar alguns para que você possa entrevistar também.
O maior número de pessoas que atendemos são cegos e com baixa visão, pois o trabalho começou com a entrada de 3 estudantes cegos para cursarem informática e telecomunicações em 1999. A partir daí , com a convicção de que não poderíamos negar a matrícula a eles e que começamos a prender a fazer educação inclusiva. Continuamos aprendendo todos os dias com os novos desafios. Em educação não existe receita a ser seguida. ela é dinâmica. Hoje temos em torno de 50 pessoas sendo atendidas pelo NAPNEE com diversas deficiências, e no Projeto Educar para Ficar com transtornos de aprendizagem – TDAH. Muitos projetos de pequisa e extensão são desenvolvidos para darmos conta de todas as demandas e temos muito ainda a aprender e produzir.

5-Quando me tornei uma pessoa com deficiência além de trabalhar como cirurgião dentista ainda dava aula na pós graduação de implantodontia e hoje não posso exercer nem uma coisa e nem outra pois afetou a fala e a visão. Se quisesse fazer um curso no IFF qual você me indicaria?
Marco Antonio, eu não sei lhe responder essa pergunta. Como disse, Não há fórmulas prontas. Cego pode isso , não pode aquilo ou determinado curso é ideal para determinada deficiência.
Prefiro lhe fazer um convite: Vá conhecer nosso trabalho, nossa escola, converse com os estudantes, conheça os recursos e as dificuldades. Depois, pense o que você gostaria de fazer e em que poderia atuar. Só te garanto que o que você decidir, estaremos juntos com você buscando o melhor caminho.
Estou a sua disposição e espero que nos ajude a divulgar nosso trabalho para que a sociedade de TODOS seja verdadeiramente efetivada.

marcia

Fonte: http://fmanha.com.br/


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