quinta-feira, 30 de abril de 2015

Supremo dos EUA se divide diante do direito ao casamento igualitário

O movimento a favor da igualdade para gays e lésbicas esperou mais de uma década para ver um caso que avançar até a sala de audiências da Suprema Corte dos EUA e obrigasse os juízes a responderem à pergunta “O direito ao matrimônio deve incluir os homossexuais?”. Aconteceu finalmente nesta terça-feira, e os nove juízes se mostraram profundamente divididos frente ao reconhecimento do casamento igualitário como um direito ao qual todos os cidadãos têm acesso.
Num caso que despertou o máximo de expectativa no país todo, os nove magistrados podem determinar o fim do último movimento pelos direitos civis, o da igualdade dos homossexuais. O Supremo analisou nesta terça-feira as perguntas formuladas por 12 casais que movem ação contra os Estados de Michigan, Ohio, Kentucky e Tennessee por lhes proibirem o casamento, o que consideram uma violação de seu direito à igualdade, e por não reconhecerem o matrimônio de quem já tinha se casado em outros Estados.
As divergências entre os juízes incluem a definição de matrimônio, os interesses que devem ser protegidos pelo Governo e o papel dos Estados na decisão sobre quem pode se casar e quem não pode. O juiz John Roberts, presidente da Corte, transmitiu aos demandantes sua preocupação por “mudar uma definição que nos acompanha há milênios”. Em resposta, a juíza Ruth Ginsburg, da ala progressista do Tribunal, defendeu que “a ideia de matrimônio já não é a mesma de antes”.
O juiz Stephen Breyer acrescentou que ao estender o direito ao casamento aos homossexuais, o poder federal estaria impondo a definição de uma minoria à maioria dos cidadãos. O defensor das proibições impostas pelos quatro Estados aceitou o desafio e pediu aos magistrados “que não interrompam o diálogo” com uma sentença que imponha uma “mudança social de tal magnitude”.
O juiz Antonin Scalia, um dos mais conservadores, declarou que a questão não é se existe o direito ao matrimônio, e sim quem deve defini-lo, os Estados ou o Governo Federal. Breyer acrescentou que “um grupo de cidadão está pedindo aos Estados que façam algo que não querem fazer”, ao obrigá-los a legislar em favor do casamento igualitário. A advogada dos demandantes, Mary Bonuato, argumentou então que no caso Loving versus Virginia, que em 1967 aboliu a proibição de matrimônio de casais inter-raciais, a maioria dos norte-americanos teria votado contra, mas o interesse da Corte não está em acompanhar a maioria, e sim em defender a igualdade para todos os cidadãos.
Os defensores da proibição ao matrimônio igualitário alegaram que as leis estaduais e federais sempre respaldaram o casamento por ele ser uma garantia de reprodução e que um de seus objetivos é a proteção dos menores e de seu vínculo legal com os pais. Os juízes mais liberais da Corte rejeitaram esse argumento, assegurando que nenhum Estado poderia negar legalmente o matrimônio de uma pessoa que não possa ou não queira ter filhos.
O direito ao matrimônio faz parte da nossa Constituição”, afirmou a juíza Sonia Sotomayor ao explicar que se a lei não pode excluir casais inter-raciais nem os que não podem ter filhos biológicos, “o que justifica a exclusão dos homossexuais?”. O advogado de defesa dos Estados disse então que a definição de matrimônio entendida pela maioria da sociedade continua a ser a de um homem e uma mulher. Em resposta, o juiz Breyer formulou uma das perguntas que nenhum dos defensores da restrição do casamento soube responder: “Se o propósito do matrimônio é proteger o vínculo entre os menores e seus pais, não deveríamos incluir também os filhos de casais homossexuais, como já protegemos os adotados?”.
Alinhados com a proposição de Sotomayor, os demandantes argumentam que ao ser negado seu direito ao casamento ou ao ser anulado seu matrimônio, tanto eles quanto seus filhos estão sendo discriminados, pela falta de proteção e de benefícios desfrutados por outros cidadãos. Nesse ponto, os 12 casais contam com o apoio do Governo. O advogado-geral Donald Verrilli comparou as leis que proíbem o casamento entre pessoas do mesmo sexo às leis da segregação racial, já que separam um grupo de cidadãos. “Por que desejaríamos manter essa história?”, perguntou retoricamente aos juízes. “Num mundo no qual os casais homossexuais participam plenamente da sociedade, é impossível defender que lhes neguemos a igualdade de direitos. Merecem, já.”
Roberts também ecoou a preocupação dos que alegam que uma sentença que legalize o casamento igualitário no nível federal eliminará o atual debate presente na sociedade. Scalia, por sua vez, alegou que o Supremo não tem a competência e que os EUA “devem esperar para ver” como o debate se desenvolve. “Esperar nunca serviu para justificar a desigualdade para um grupo de cidadãos”, respondeu Bonuato. O juiz Anthony Kennedy, que pode ter em suas mãos o voto decisivo, reconheceu sua preocupação na exclusão de casais gays e de seus filhos de uma instituição “nobre e sagrada”.
A importância do caso fez com que a Corte concedesse tempo fora do normal para a audiência, de duas horas e meia de duração. O Supremo expedirá a sentença em junho, apenas dois anos depois de revogar a lei federal que definia o matrimônio como a união entre um homem e uma mulher. O movimento pelos direitos dos homossexuais ganhou com aquela decisão, no caso Windsor, um impulso que consolidou a legalização do matrimônio igualitário em 36 Estados e na capital, no Distrito de Colúmbia. A avalanche de mudança coincide, além disso, com amplo apoio por parte da sociedade.
O juiz Kennedy pode fazer a balança pender, mais uma vez, para o lado da igualdade da comunidade LGBT nos EUA. Em 2013 o juiz foi essencial ao se alinhar com a ala progressista, declarando inconstitucional a lei DOMA, que estabelecia a definição do matrimônio, no nível federal, como a união entre um homem e uma mulher. Aquela sentença não reconheceu o direito dos homossexuais se casarem. Os juízes se manifestarão a esse respeito dentro de dois meses, quando o futuro do casamento igualitário nos EUA poderá mudar de uma forma que não podia ser prevista apenas cinco anos atrás.


Fonte: http://brasil.elpais.com/

Em vídeo, casal narra transição de filho transgênero de cinco anos

Após transição, Mia se tornou Jacob (Foto: Reprodução/NBC)
Após transição, Mia se tornou Jacob (Foto: Reprodução/NBC)

Um vídeo no qual um casal emocionado narra a transição de Jacob, seu filho transgênero de apenas cinco anos de idade, já foi visto por quase 11 milhões de pessoas desde sua publicação na última segunda-feira (20). O depoimento de Mimi e Joe Lemay faz parte de uma série de reportagens do programa “Nightly News”, do canal NBC. Assista ao vídeo.
Segundo o casal, desde muito pequena a criança demonstrava um senso de inadequação, pedindo para trocar de roupa várias vezes por dia, por exemplo. “Acho que ele queria demonstrar seu desconforto com sua imagem, com a forma como estava sendo mostrada ao mundo”, reflete a mãe.
Aos dois anos, Mia passou a dizer que era um menino, mas inicialmente seus pais acharam que era apenas uma fase. “Eu estava confusa e preocupada e esperava que essa obsessão em ser um menino passasse...mas o coração de uma mãe sabe quando uma criança está sofrendo”, diz Mimi.
A aceitação veio enfim no ano passado, após um susto no trânsito, depois de quase sofrer um acidente. Ao pensar na possibilidade de perder Mia, a mãe imaginou que, se tivesse que morrer, a criança deveria antes ser feliz sendo quem realmente é.
Desde então, a mudança foi aceita com naturalidade em sua casa. Um episódio marcante, contam os pais, foi quando compraram uma fantasia de príncipe encantado, e finalmente viram o agora filho mais feliz do que nunca. “Ele estava simplesmente radiante. Estava realmente feliz naquele momento, sendo visto da maneira como queria”, emociona-se Mimi. “O orgulho era visível em seu rosto”, lembra o pai.
O passo seguinte seria a transição fora da família. Os pais dizem que, ao assistirem ao vídeo de outro casal narrando uma história parecida, decidiram mostrar o depoimento ao filho. No final, perguntaram se ele queria fazer o mesmo, se tornar realmente um menino e ganhar um novo nome. “Não posso. Posso ser quem eu quero em casa, mas tenho que ser Mia na escola”, foi a resposta que levou a uma troca de escola. “É isso que eu quero. Quero ser um garoto sempre. Quero ser um garoto chamado Jacob”, comemorou o filho.
Após a transição, os pais dizem que pela primeira vez o menino começou a rir de verdade, encarar as pessoas e considera-las suas amigas. “Percebi o quanto ele saiu de sua concha. E que ele nunca foi realmente Mia. Aquilo era uma ilusão minha”, afirma a mãe.
Não poderia pedir um filho melhor, ele é maravilhoso”, elogia o pai. “Quero que ele saiba o quanto tenho orgulho dele, o quanto acredito que ele é corajoso e o quanto, não importa o que aconteça, estou ao lado dele. Eu o amo, e sempre amarei”, conclui Mimi.

Fonte:http://www.g1.globo.com/


11 livros gratuitos sobre Educação Inclusiva


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Todo mundo sabe a importância da educação em nossas vidas. O que é uma pessoa sem educação! O que é uma sociedade em educação! Difícil imaginar. Mas existe um outro conceito que vem ganhando força e dedicação de uns tempos para cá: a Educação Inclusiva. Nada mais justo, afinal todos tem direito a terem acesso ao conhecimento. Pensando nisso, trazemos aqui dicas de 11 livros sobre o tema, para download gratuito.
Mas antes de tudo, você sabe responder o que é Educação Inclusiva!
A Educação Inclusiva
É um processo que amplia a participação de todos os estudantes – sem distinguir condições físicas, mentais, sociais, de raça, cor ou credo – nos estabelecimentos de ensino regular. Trata-se de uma reestruturação da cultura, da prática e das políticas vivenciadas nas escolas de modo que estas respondam à diversidade dos alunos. É uma abordagem humanística, democrática, que percebe o sujeito e suas singularidades, tendo como objetivos o crescimento, a satisfação pessoal e a inserção social de todos.
De acordo com o Seminário Internacional do Consórcio da Deficiência e do Desenvolvimento (International Disability and Development Consortium – IDDC) sobre a Educação Inclusiva, um sistema educacional só pode ser considerado inclusivo quando abrange a definição ampla deste conceito, nos seguintes termos:
- Reconhece que todas as crianças podem aprender;
- Reconhece e respeita diferenças nas crianças: idade, sexo, etnia, língua, deficiência/inabilidade, classe social, estado de saúde (i.e. HIV, TB, hemofilia, Hidrocefalia ou qualquer outra condição);
- Permite que as estruturas, sistemas e metodologias de ensino atendam as necessidades de todas as crianças;
- Faz parte de uma estratégia mais abrangente de promover uma sociedade inclusiva;
- É um processo dinâmico que está em evolução constante;
- Não deve ser restrito ou limitado por salas de aula numerosas nem por falta de recursos materiais.
Você que é professor, estudante, pesquisador ou quer apenas conhecer mais sobre esse assunto tão importante para uma boa convivência acadêmica, pode fazê-lo baixando os livros gratuitamente para ler quando e onde quiser. São 11 opções, veja só:
Todos os livros são gratuitos e podem te ajudar a ver o mundo de um jeito diferente.

Boa leitura!
Fonte: http://www.canaldoensino.com.br/



Brasil deu mais trabalho digno às mulheres, diz ONU

Entidade elogia criação de 10 milhões de empregos com carteira assinada no país, em relatório divulgado nesta segunda-feira


POR JULIANNA GRANJEIA

O Brasil é um dos países em destaque no relatório mundial “Progresso das Mulheres no Mundo 2015-2016: Transformar as economias para realizar os direitos”, elaborado pela ONU Mulheres, que será lançado nesta segunda-feira no México. O país é elogiado por seu papel na geração de trabalho digno para as mulheres.
Segundo o órgão, de 2001 a 2009, a participação das mulheres no mercado de trabalho brasileiro subiu de 54 para 58%. Além disso, foi ampliada a cobertura de proteção social com empregos com carteira assinada.
O documento aponta que frequentemente os direitos econômicos e sociais das mulheres são limitados porque “elas são forçadas a viver em um mundo de homens”.
O relatório também diz que as mulheres ocupam os empregos com menores remunerações e baixa qualidade e continuam a ser alvo das condições mais precárias de saúde, acesso à água e saneamento. As mulheres ainda são responsáveis pela carga excessiva de trabalho de cuidado sem salário, algo que as políticas de austeridade e os cortes orçamentários têm intensificado.
O documento faz parte da programação do 20º aniversário da Quarta Conferência Mundial sobre a Mulher, ocorrida em Pequim, na qual se definiu uma agenda internacional para fazer avançar a igualdade de gênero.
Para respaldar essa meta, o relatório traz dez prioridades para intervenção de políticas públicas para nortear os países: criação de mais e melhores empregos para mulheres; reduzir a segregação ocupacional e as lacunas salariais entre os gêneros; reforçar a seguridade das mulheres em todo o ciclo de vida; ajudar as organizações de mulheres a exigirem seus direitos e influenciarem a agenda do poder público; aumentar os recursos destinados à igualdade entre os gêneros; reconhecer, reduzir e redistribuir o trabalho doméstico não remunerado; investir em serviços sociais com perspectiva de gênero; criar um ambiente mundial favorável aos direitos das mulheres; utilizar os direitos humanos para conceber políticas para catalizar a igualdade de gêneros e obter evidências empíricas que permitam a avaliação do progresso no domínio dos direitos econômicos e sociais das mulheres.
No primeiro item, de criação de mais empregos, a ONU diz que a participação das mulheres da força de trabalho estagnou em todo mundo e que as políticas econômicas têm sido incapazes de criar postos decentes e suficientes para mulheres, o que dificulta a saída da faixa da pobreza. O órgão sugere, entre outras coisas, o desenvolvimento de políticas macroeconômicas que incentivem atividade e o aumento da oferta de trabalho, ao invés de focar em um conjunto de metas baseadas, por exemplo, na manutenção da inflação baixa.
O destaque ao Brasil aparece no segundo item, que diz que entre 2001 e 2009 foram criados 17 milhões novos postos de trabalho, dos quais mais de 10 milhões com carteira assinada. Entre 1995 e 2007, a diferença na remuneração de homens e mulheres caiu de 38% para 29%.
“O sucesso do Brasil na criação de empregos decentes é o resultado de um conjunto de políticas econômicas e social (...) O aumento do valor real do salário mínimo tem ajudado a reduzir pobreza e explica a queda de 66% da desigualdade no período de 2000-2008. Políticas de proteção social também tiveram efeitos importantes: uma nova queda de 16% na desigualdade foi devido a aumento das pensões e 12% para o programa de bem-estar social Bolsa Familia”, diz o relatório.
Os salários das mulheres são, em média, 24% inferiores aos dos homens, em todo o mundo, segundo o relatório. A Àsia Meridional tem a maior desigualdade: 33%, enquanto que o Oriente Médio e a região Norte da Àfrica têm o menor: 14%

Fonte:www.oglobo.globo.com


quarta-feira, 29 de abril de 2015

Série promove sensível reflexão sobre a questão dos gêneros

 ON 
Apesar de não ser tão pop quanto o Tumblr, ou até mesmo quanto o novato Pinterest, o Behance é um verdadeiro baú de tesouros: basta navegar dez minutinhos na plataforma para esbarrar em portfólios de qualidade e trabalhos que poderiam ser considerados verdadeiras obras de arte (e que um dia com certeza serão).
Foi assim, pesquisando na rede, que encontrei a série "#genero #gender" do fotógrafo e diretor de arte brasileiro Thiago Antonucci.
Publicado no site em janeiro deste ano, o ensaio fotográfico, completamente em P&B, usa sensibilidade e simplicidade para promover uma importante reflexão sobre a questão dos gêneros, tão em voga nos últimos tempos.
Thiago Antonucci (6)

Com apenas 23 anos, Antonucci é formado em fotografia de moda pelo "Instituto Internacional de Fotografia" e atualmente estuda na Escola Panamericana de Arte e Design.

Confira todas as imagens aqui:"#genero #gender"

Fonte: https://www.estilo.catracalivre.com.br

Expectativa de vida de trans no Brasil é de 30 anos, diz resportagem da Al Jazeera

A partir do assassinato de travesti, rede de TV do Catar fez uma ampla reportagem sobre o tema com dados do grupo o grupo Transrevolução, sediado no Rio de Janeiro.

Traduzido da matéria de Donna Bowater e Priscilla Moraes para o site Al Jazeera

A expectativa de vida de trans no Brasil é de 30 anos

Duas sacolas plásticas sujas continham a fantasia de Carnaval em que a travesti Piu (cujo nome de registro era Claudio da Silva) trabalhava antes de ser torturada e morta. Em uma estava uma montanha de fios de contas brilhantes, na outra, um vestido vermelho bordado.
Travesti desde a infância, Piu era conhecida como um homem de 24 anos e como uma sambista, dançarina de passos rápidos na Beija-Flor, vencedora do Desfile de Escolas de Samba do Rio de Janeiro esse ano.
“Meu filho era um anjo, e seu negócio era apenas o samba”, relatou Ângela Maria da Silva, sua mãe, à Al Jazeera, com seu corpo emaciado empoleirado como um pássaro na entrada da casa humilde de sua família numa favela controlada por gangues.
“Acabou tudo para mim agora. Eu não tenho mais felicidade. Às vezes eu passo as primeiras horas da manhã chorando.”

Transfobia generalizada
Piu é mais um do número crescente de vítimas transgênero no Brasil, o país com o maior número de pessoas transgênero assassinadas no mundo, de acordo com pesquisa feita pelo grupo Transgender Europe. “O Brasil permanece o país com os números absolutos mais altos”, aponta Carla LaGata, pesquisadora-chefe na Transrespect versus Transphobia Worldwide (TvT) e pesquisadora sênior na Transgender Europe.
O número de mortes por homofobia e transfobia no Brasil aumentou de 1023 em 1995 para 1243 em 2003, de acordo com o Grupo Gay da Bahia, primeira organização de luta pelos direitos de gays do Brasil.
Mas esses números, alertam, só contabilizam as mortes relatadas e documentadas; a quantidade verdadeira de crimes certamente é maior.
Diferente de muitas outras, a morte de Claudio em janeiro ganhou as manchetes depois que um vídeo mostrando sua tortura foi colocado no Facebook.
Nele, sangrando e confuso, Piu implora para pelo menos dois homens pararem de espancá-la enquanto eles tentam arrancar dela uma confissão de que ele trabalharia para uma milícia como informante.
Seu corpo foi encontrado com facadas e seis ferimentos de bala. Ninguém foi preso por seu assassinato.
“Parece que ele trabalhava para alguma milícia?”, pergunta Luiz Henrique dos Santos, em frente ao quarto que foi da cunhada. Um colchão fino de espuma estende-se no chão de concreto do quarto pequeno e sem janelas.
A família não conta com água encanada e um lençol é tudo que garante alguma privacidade em sua casa.
“Todo mundo aqui sabia que ele não estava envolvido”, conta Silva. “Quando alguém te força, você diz coisas que não fez.”
Para sua família, a morte de Piu não tem explicação.
As opiniões estão divididas em sua amada escola de samba, Beija-Flor de Nilópolis.
Há aqueles que concluem que Piu estava sim envolvido com alguma milícia, e há aqueles que suspeitam que ele foi vítima de transfobia.
No vídeo, um de seus atacantes chega a usar o xingamento “arrombado”.
“Tem que ter sido discriminação das pessoas que mataram ele”, especula Carlos Vinícius dos Reis, porteiro da Beija-Flor.
“Eu não acredito que ele estava envolvido com uma milícia. Eles forçaram ele a dizer essas coisas”, disse.
Apesar de todos na Beija-Flor negarem enfaticamente que têm preconceitos contra pessoas trans, alguns admitem que Piu e outras dançarinas trans eram consideradas por alguns motivo de chacota ou de escárnio.

Roupas malucas”
“Você tem que ver uma foto dele na pista, como ele se vestia, pra ver como ele era maluco”, lembra o percussionista Jean Pierre da Silva, 19.
“Ele vestia roupas engraçadas, uma peruca diferente todo dia, penas na cabeça, maquiagem maluca – ele parecia um palhaço de festa infantil.”
“Pessoas trans são tratadas normalmente”, insiste. “Mas tem umas que, porque são trans, acham que todos os homens da pista gostam. Elas acham que podem ficar passando a mão, daí rola briga.”
De acordo com o relatório da Transgender Europe, uma das razões para a alta quantidade de assassinatos de trans no Brasil é a transfobia generalizada que emergiu durante a ditadura, que durou de 1964 a 1985, depois que o presidente João Goulart foi deposto por um golpe militar.
“Pessoas de gêneros alternativos/trans tornaram-se um alvo da repressão militar, já que eram vistas como uma ameaça aos ‘valores da família brasileira'”, aponta o relatório.
Muitas pessoas transgênero foram forçadas a se prostituir porque eram marginalizadas e discriminadas no local de trabalho e lhes restavam poucas outras oportunidades.
Como resultado, prostitutas são o maior grupo de vítimas de violência nas Américas Central e do Sul, alerta o relatório.
Se antes o termo “travesti” era associado com atores de teatro transgênero populares, aceitos publicamente, a ditadura realinhou o termo com a prostituição e o crime.
“A polícia militar continuou a caçar pessoas de gêneros alternativos/trans, agora com o apoio dos ditos esquadrões da morte e grupos justiceiros”, continua o relatório.

Expectativa de vida
Estima-se que a expectativa de vida para pessoas trans no Brasil seja de por volta de 30 anos, de acordo com o grupo Transrevolução, sediado no Rio de Janeiro, que luta pelos direitos de pessoas transgênero. A expectativa de vida média do brasileiro é de 75 anos.
A ex-chefe da Secretaria dos Direitos Humanos da Presidência da República, Ideli Salvatti, diz que grupos LGBT culpam a falta de legislação como a principal razão da violência contra brasileiros gays e transgênero, e afirma que o governo está tentando corrigir isso.
“Um projeto de lei que criminaliza a homofobia e a transfobia tem todo o apoio da presidente Dilma Roussef”, Salvatti afirmou à Al Jazeera.
“Eu sou contra qualquer tipo de violência contra as pessoas. No caso específico da homofobia, eu acho que é uma ofensa contra o Brasil. Eu acho que nós temos que criminalizar a homofobia, isso não é algo com que nós podemos conviver.”
Salvatti, que recentemente deixou o cargo, também disse que o segundo centro de direitos LGBT do país será inaugurado em São Paulo nos próximos meses, e que o Ministério da Educação agora aceitará o nome social dos alunos nos exames vestibulares, ao invés de insistir nos nomes de nascimento.
“Nós criamos políticas públicas direcionadas a promover os direitos LGBT da população, mas é essencial que haja uma legislação específica”, continuou Salvatti.
Mas um coordenador governamental do Rio de Janeiro, que pediu para não ser identificado, disse que a lei contra a homofobia foi engavetada.
“Há muitos obstáculos”, afirmou o funcionário público, que é um ativista LGBT há 20 anos.
“Nunca houve vontade política de se votar nesse projeto. Enquanto não houver uma posição pública forte e clara do nosso governo sobre a impunidade desses crimes, milhões de cidadãos e suas famílias vão continuar à mercê desse ódio, que pode nos acertar a qualquer dia.”

Não sei se estou viva amanhã”
Maria Clara Araújo, 18, a primeira transexual negra a entrar numa universidade federal do Brasil, apontou que o apoio de sua família foi essencial não apenas para que ela conseguisse alcançar suas ambições acadêmicas, mas também para sua segurança.
“Eu não acho que minha mãe jamais me deixaria sozinha”, afirma Araújo, hoje estudante de pedagogia na Universidade Federal do Pernambuco.
“Eu estou ciente de que minha expectativa de vida é de 30 anos e eu preciso que alguém me proteja. Se eu não tivesse a ajuda da minha mãe e do meu pai, eu provavelmente teria que me prostituir para me sustentar.”
Ela disse que a realidade das pessoas transgênero seria muito diferente se lhes fossem dados os direitos essenciais.
“Se nós tivéssemos lares, emprego, uma educação, nós não teríamos tanta tendência [de viver nas ruas]. Se as famílias apoiassem e dessem uma chance para essas meninas, elas morreriam menos.”
Para Piu, o pouco dinheiro que ele ganhava fazendo bicos era gasto no samba, seu primeiro amor.
Além da Beija-Flor, sua família lembra que ele também participava de algumas das maiores escolas de samba da cidade, como a Imperatriz, Salgueiro e Mocidade.
“Se tem uma coisa que ele gostava mais do que samba, isso ainda não foi inventado”, afirma Luiz.
Ele não fazia planos, lembraram seus familiares. Ele ia para a escola, mas não estudava. “Ele só pensava sobre o dia de hoje”.
“Eu costumava dizer para ele, ‘economiza um dinheiro'”, disse sua irmã, Monica, à Al Jazeera.
“Mas ele não economizava. Ele dizia que tinha que gastar tudo. ‘Ah, eu não sei se vou estar vivo amanhã’, ele dizia.”

Fonte:http://www.ladobi.com/



TransEmpregos: site oferece vagas para travestis e transexuais


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Para ajudar profissionais transgêneros que encontram dificuldade em arranjar trabalho, foi criado o TransEmpregos, site gratuito que oferece vagas exclusivas para travestis e transexuais.
A iniciativa, que está no ar há pouco mais de um mês, reúne vagas de estágio, trabalho temporário, efetivo ou freelance.
Atualmente, o site conta com várias oportunidades de empregos abertas em diversas funções como recepcionista, secretária, assistente de mídias sociais, operador de telemarketing, cabeleireiro, entre outras.
De acordo com Paulo Bevilacqua, idealizador do projeto, todas as vagas disponibilizadas no site são oferecidas por empresas que se cadastram gratuitamente para anunciar suas ofertas de emprego.
Ele conta que a ideia de criar o site surgiu de sua própria dificuldade de conseguir trabalho e de constatar que colegas 'trans' também passavam pela mesma situação. “A partir daí, procurei minhas amigas Márcia Rocha e Daniela Andrade e tudo fluiu''.
A Daniela é quem entende de programação e foi ela quem pôs o site pra funcionar. Eu fico mais na parte do atendimento, respondo e-mails de usuários e dúvidas sobre cadastros. A Márcia é nossa mulher de negócios porque é empresária e advogada”, diz Bevilacqua.
Candidatos e empresas interessados podem se cadastrar gratuitamente no endereço www.transempregos.com.br.


Fonte:http://www.happyhour.blogosfera.uol.com.br/


E se o mundo fosse assim?




Assista ai vídeo aqui: E se o mundo fosse assim?

Após 37 Anos, Instituto De “Cura Gay” Encerra Suas Atividades!

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A organização Exodus International, a maior do mundo dedicada à “cura gay”, está encerrando suas atividades após 37 anos.
Em uma carta à comunidade homossexual, bissexual e transexual, o líder da entidade missionária, Alan Chambers (foto), pediu “desculpas pela dor e pelo sofrimento” que ele e a organização causaram a muitas pessoas.
Chambers admitiu ser gay:

Vários anos atrás eu, de forma conveniente, omiti minha atração pelo mesmo sexo. Eu tinha medo de dividir isso. Hoje, entretanto, aceito esse sentimento como parte da minha vida”, escreveu ele, de acordo com trecho da carta publicada pelo site Gawker.

Chambers disse que a organização cristã que lidera terá uma outra diretriz a partir de agora.
Na contramão, esta semana, no Brasil, a Comissão de Direitos Humanos da Câmara dos Deputados aprovou projeto de lei que determina o fim da proibição, pelo Conselho Federal de Psicologia, de tratamentos que se propõem a reverter a homossexualidade. A questão foi apresentada pelo deputado Marco Feliciano (PSC-SP), presidente da comissão. Leia mais sobre essa notícia aqui.

Fonte:http://www.sapatomica.com/



terça-feira, 28 de abril de 2015

A minissaia é o sutiã da vez

Anova geração de feministas milita na web, abraça questões de gênero e, acima de tudo, quer liberdade de corpo e alma

POR JOANA DALE


Nos idos de 1968, feministas americanas empilharam sutiãs, saltos altos, cílios postiços, tubos de laquê e espartilhos para fazer uma fogueira e protestar contra a realização de um concurso de beleza. Por medida de segurança, os “instrumentos de tortura” não chegaram a ser de fato incinerados, mas o episódio, que ficou conhecido como “bra-burning”, ou “queima dos sutiãs”, chamou a atenção do mundo para a situação das mulheres naqueles tempos por si só tão opressores.
Em 2015, quem pratica e quem teoriza sobre o tema põem lenha na fogueira: o feminismo vive um novo ciclo. Alguns palmos abaixo no vestuário de protesto, a minissaia é ostentada como símbolo de liberdade. Liberdade para mostrar as pernas sendo magra ou gorda, alta ou baixa, branca ou preta, novinha ou sessentona. Liberdade para circular pela cidade sem ter medo de ser assediada. Liberdade para fazer o que bem entender com o próprio corpo.


Fonte: www.oglobo.globo.com